Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Linfomas

Nova aprovação para o tratamento do linfoma difuso de grandes células B nos EUA

No dia 15 de junho, o FDA (Food and Drug Administration) concedeu aprovação acelerada a glofitamabe para o tratamento de pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) recidivado ou refratário, não especificado ou linfoma de grandes células B originado de linfoma folicular, após duas ou mais linhas de terapia sistêmica.

O glofitamabe é um anticorpo biespecífico de células T CD3 direcionado ao CD20 avaliado no estudo de braço único NP30179, que incluiu 132 pacientes selecionados para avaliação de eficácia. Dentre os pacientes incluídos, 80% apresentavam LDGCB não especificado recidivado ou refratário e 20% tinham linfoma de grandes células B originado de linfoma folicular. Os pacientes haviam recebido pelo menos duas linhas anteriores de terapia sistêmica (mediana 3). Foram incluídos cerca de 30% dos pacientes previamente tratados com células CAR-T e 83% dos pacientes eram refratários à sua terapia mais recente. Foram excluídos pacientes com doença ativa ou prévia no sistema nervoso central.

Glofitamabe foi administrado por um período fixo de 8,5 meses, resultando em taxa de resposta objetiva de 56%, com 43% dos pacientes atingindo respostas completas. A duração mediana da resposta foi de 18,4 meses, com 68,5% apresentando respostas com duração ≥ 9 meses. Os eventos adversos mais comuns foram: síndrome da liberação de citocinas (70%), dor musculoesquelética (21%), fadiga (20%) e rash cutâneo (20%). A síndrome da liberação de citocinas foi geralmente de baixo grau (52% dos pacientes com grau 1 e 14% grau 2). Outro evento adverso destacado em caixa e que merece atenção é a neurotoxicidade associada a células efetoras imunes (ICANS), que ocorreu em 4,8% dos pacientes.

A Dra. Danielle Leão C. Farias, hematologista e pesquisadora da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca “Os anticorpos biespecíficos estão vindo para ficar e revolucionar o cenário de tratamento dessa grande necessidade não atendida. A possibilidade de ativar a imunidade intra-vivo é importante nessa doença extremamente refratária e de evolução muito rápida. Ao contrário das terapias com células CAR-T, que possuem tempo variável para manufatura e que demandam o máximo de controle da doença sem toxicidade proibitiva, os anticorpos biespecíficos são produtos off the shelf, ou seja, imediatamente disponíveis. Além dessas características, a dificuldade atual de realizar células CAR-T por questões variáveis, dentre elas o acesso, fortalece essa classe terapêutica. Nesse sentido, a aprovação do glofitamabe é muito importante por representar um agente importante no tratamento da doença refratária até a terapias como as com células CAR-T.  Os resultados mostrados no último congresso de ICML-Lugano, o congresso mundial de linfomas, as remissões prolongadas e a duração fixa de tratamento reforçam sua importância. Há outros biespecíficos aprovados pelo FDA ou em fast track, como mosunetuzumabe, epcoritamabe e odronextamabe e haverá diversos estudos clínicos no Brasil com diversos biespecíficos, inclusive na BP de São Paulo, oferecendo assim aos nossos pacientes a oportunidade de utilizar essa classe terapêutica de maneira precoce”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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