Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Linfomas

CAR-T aprovado para o tratamento do linfoma de grandes células B recaído ou refratário nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) anunciou em 05 de fevereiro de 2021 a aprovação da terapia celular com células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) anti-CD19 lisocabtagene maraleucel para o tratamento de pacientes com linfomas agressivos de células B recidivado ou refratário previamente tratados com ≥ 2 linhas de terapia sistêmica, incluindo linfoma difuso de grandes células B (primário ou transformado após linfoma indolente), linfomas B de alto grau, linfoma B primário de mediastino e linfoma folicular grau 3B.

Esta aprovação foi baseada nos resultados do estudo clínico TRANSCEND, que avaliou o uso do CAR-T em 192 pacientes com estes diagnósticos (inclusive em linfomas com rearranjo do MYC e BCL2 e/ou BCL6, conhecidos como duplo ou triplo hit), mostrando taxa de resposta global de 73%, sendo 54% respostas completas. A qualidade da resposta impactou de maneira importante a duração das respostas e até a sobrevida global. Em 12 meses, a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global foram de 44% e 58%, respectivamente, na população total e de 65% e 86% nos casos com remissão completa. Após 12 meses de seguimento, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 6,8 meses para a população total e não foi alcançada se remissão completa. Nas avaliações de segurança, 46% dos pacientes apresentaram síndrome de liberação de citocinas (4% de graus ≥ 3) e toxicidades neurológicas ocorreram em 35% dos pacientes (12% de graus ≥ 3, incluindo 3 pacientes com toxicidade neurológica fatal). Outros eventos adversos de graus ≥ 3 incluíram infecções (19%) e citopenias prolongadas (31%).

O regime recomendado de tratamento é composto de uma dose única de 50 a 110 x 106 células T CAR-positivas viáveis com uma razão 1:1 entre componentes CD4 e CD8, administrada por via intravenosa e precedida por fludarabina e ciclofosfamida para linfodepleção.

A Dra. Danielle Leão C. Farias, hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta: “os linfomas agressivos recaídos, principalmente a partir da segunda linha de tratamento, constituem uma grande necessidade médica não atendida, tendo em vista que as taxas de resposta são muito baixas e, mesmo quando alcançadas, possuem duração muito curta. O estudo TRANSCEND mostra resultados não observados previamente para esta população e se destaca devido a duração da resposta ser muito relacionado à sua qualidade. Outros estudos em andamento nestas patologias já adicionam moléculas de diversas classes terapêuticas, como os inibidores de BTK, para tentar aprofundar resposta e reduzir a síndrome de liberação de citocinas”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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