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Acalabrutinibe recebe nova aprovação da ANVISA para o tratamento de linfoma do manto
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, em 26 de junho de 2025, uma nova indicação terapêutica para acalabrutinibe, agora autorizado para uso em primeira linha no tratamento de linfoma de células do manto (LCM) em combinação com bendamustina e rituximabe em pacientes adultos sem tratamento prévio e inelegíveis ao transplante de medula óssea.
A aprovação foi baseada nos resultados do estudo de fase III ECHO, que avaliou a eficácia e segurança de acalabrutinibe em combinação com bendamustina e rituximabe comparado a placebo mais bendamustina–rituximabe em pacientes com LCM não tratados previamente e inelegíveis ao transplante de medula óssea. Dos 598 pacientes randomizados (299 por braço), a idade mediana foi de 71 anos em ambos os braços, sendo que 58,9% tinham ≥ 70 anos e 28,1% ≥ 75 anos no grupo tratado com acalabrutinibe. A maioria era do sexo masculino (71,6% versus 69,9%) e o perfil de desempenho funcional, avaliado pelo escore ECOG, mostrou que 95,3% dos pacientes apresentavam escore 0-1 (52,2% ECOG 0 e 43,1% ECOG 1 no braço acalabrutinibe). Quanto ao estadiamento de Ann Arbor, 83,9% dos pacientes no braço acalabrutinibe e 88,0% no braço placebo estavam em estágio IV no momento do diagnóstico. O Simplified MIPI classificou 33,1% dos pacientes no risco baixo, 42,8% no risco intermediário e 24,1% no risco alto no grupo de acalabrutinibe. A mutação de TP53 foi observada em 7,4% dos pacientes tratados com acalabrutinibe e 9,7% no braço placebo, sendo desconhecida em cerca de 60% dos casos. O índice de proliferação Ki-67 era ≥ 30% em 46,5% versus 49,2% dos pacientes, respectivamente.
A sobrevida livre de progressão mediana foi de 66,4 meses no braço acalabrutinibe versus 49,6 meses no braço placebo, refletindo uma redução de 27% no risco de progressão da doença ou morte (HR=0,73; IC de 95%: 0,57-0,94; p=0,0160). Além disso, ao excluir óbitos relacionados à Covid-19, a redução no risco de progressão ou morte foi para 36%. A taxa de resposta foi de 91% no grupo tratado com acalabrutinibe em comparação a 88% no controle, enquanto a taxa de resposta completa foi de 66,6% versus 53,5%, respectivamente. A sobrevida global não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os braços (HR=0,86; IC de 95%: 0,65-1,13; p=0,27). Os eventos adversos de graus ≥ 3 ocorreram em proporções semelhantes: 88,9% no braço acalabrutinibe e 88,2% no braço placebo, sendo que no braço experimental, os eventos adversos mais frequentes em qualquer grau foram: náuseas, neutropenia, diarreia, Covid-19 e cefaléia.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida