Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Leucemias

Novo inibidor de IDH1 aprovado para o tratamento da LMA nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 1º de dezembro de 2022 o uso de olutasidenibe para o tratamento de pacientes adultos com leucemia mieloide aguda (LMA) recidivada ou refratária apresentando mutação de sensibilidade do IDH1.

O inibidor de IDH1 foi avaliado no Estudo 2102-HEM-101, que incluiu 147 pacientes adultos com LMA recidivada ou refratária apresentando alterações de sensibilidade do IDH1. O tratamento com olutasidenibe foi administrado na dose de 150 mg, via oral, duas vezes ao dia até progressão de doença, toxicidade limitante ou transplante de medula. O tempo mediano de tratamento foi 4,7 meses e 16 pacientes (11%) foram submetidos a transplante após receberem olutasidenibe. A população analisada compreendia 31% dos pacientes com idade ≥ 75 anos, 66% com LMA de novo, 17% com risco citogenético desfavorável, 31% com doença primariamente refratária e o número mediano de terapias prévias foi 2.

A taxa agrupada de remissão completa e remissão completa com recuperação hematológica parcial, principal desfecho de eficácia do estudo, foi 35%, dentre os quais 32% apresentaram remissão completa. O intervalo mediano para atingir remissão completa e remissão completa com recuperação hematológica parcial foi 1,9 meses, e o tempo mediano de duração do benefício foi 25,9 meses.

Ao início do estudo, 86 pacientes encontravam-se em dependência de transfusões de hemácias e/ou plaquetas, sendo que 34% destes não necessitavam mais de tal suporte após 56 dias do início do tratamento. Os eventos adversos mais comuns apresentados foram: náuseas, fadiga, artralgia, constipação, leucocitose, dispneia, febre, rash cutâneo, mucosite, diarreia e elevação de transaminases.

A mutação do gene IDH é infrequente na LMA, ocorrendo em aproximadamente 15-20% dos casos. O uso de terapias-alvo contra essa mutação na LMA mostrou-se eficaz com as aprovações prévias do ivosidenibe (inibidor de IDH1) e enasidenibe (inibidor de IDH2) nos EUA. Agora, outro inibidor de IDH1, o olutasidenibe mostrou-se eficaz em pacientes com LMA recidivados ou refratários carreadores da mutação no IDH1. O tratamento das leucemias agudas tem sido historicamente composto de combinações de quimioterápicos. A obtenção desses resultados com uma terapia-alvo contra o IDH1 impressiona, como visto anteriormente com agentes similares dessa classe. Com a aprovação do olutasidenibe, mais um agente entra para essa classe. A tendência natural agora será explorar a combinação de olutasidenibe com agentes hipometilantes (5-azacitidina ou decitabina) ou agentes quimioterápicos em segunda ou primeira linha, como ocorreu com os demais agentes dessa classe”, comenta o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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