Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Leucemias

Nova terapia-alvo é aprovada para o tratamento da leucemia mieloide aguda nos EUA

No dia 25 de maio de 2022, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso de ivosidenibe, um inibidor de IDH1, em combinação a azacitidina para o tratamento de pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA) apresentando mutação de sensibilidade de IDH1 e com idade ≥ 75 anos ou não candidatos a tratamento com quimioterapia de indução intensiva em decorrência de comorbidades.

O regime combinado de tratamento foi avaliado no estudo AGILE, em 146 pacientes com LMA recém-diagnosticada com mutação de IDH1 apresentando ao menos um dos seguintes critérios: idade ≥ 75 anos, redução de funcionalidade (ECOG 2) ou alguma disfunção orgânica grave, tais como cardíaca, pulmonar, hepática (bilirrubina sérica > 1,5 vezes o limite da normalidade), renal (clearance de creatinina < 45 mL/min) ou outras. A população foi randomizada em uma razão 1:1 entre ivosidenibe ou placebo entre os dias D1 e D28 em combinação a azacitidina 75 mg/m2/dia entre os D1 a D7 ou D1 a D5 e D8 a D9 em ciclos de 28 dias até progressão de doença, toxicidade limitante ou realização de transplante de medula. A idade mediana da população avaliada foi 76 anos, cerca de um terço dos pacientes possuíam ECOG 2, e o risco citogenético era intermediário ou desfavorável em aproximadamente 90% dos pacientes.

A sobrevida livre de eventos – desfecho que incluiu falha do tratamento, recidiva após remissão ou morte por qualquer causa – favoreceu o uso de tratamento combinado com azacitidina (HR=0,35; IC de 95%: 0,17-0,72; p=0,0038). A sobrevida global mediana foi de 24,0 meses no braço de ivosidenibe e 7,9 meses no braço placebo (HR=0,44; IC de 95%: 0,27-0,73; p=0,0010). A taxa de resposta completa com o regime combinado de ivosidenibe foi de 47% (versus 15% com placebo) com duração mediana de resposta não atingida. Os efeitos adversos mais comuns com o uso de ivosidenibe em combinação a azacitidina ou como monoterapia são diarreia, fadiga, edema, náuseas e vômitos.

Após décadas sem novidades no tratamento da LMA, estão finalmente surgindo diversas opções baseadas em diferentes mecanismos de ação. O inibidor de IDH1 ivosidenibe surge com esta proposta para a população de idosos não elegíveis a terapia de alta intensidade que apresentem esta mutação. O estudo pivotal AGILE, do qual participamos na BP, mostrou que o ivosidenibe combinado com azacitidina levou a melhora no endpoint primário de sobrevida livre de eventos. De maneira peculiar, a terapia combinada apresentou menos eventos adversos como neutropenia febril e infecções do que a azacitidina isolada, consolidando-se como uma boa opção de tratamento nesta população. Limitações da aplicação na prática clínica são a raridade desta mutação, cerca de 10-15% dos casos somente, e a competitiva opção de tratamento de azacitidina com venetoclax, que apresenta excelentes resultados. Ainda assim, pelo mau prognóstico da LMA e heterogeneidade dos pacientes, sempre haverá lugar para novas drogas e associações”, destaca a Dra. Danielle Leão, hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e pesquisadora clínica.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

 

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