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Asciminibe recebe aprovação para o tratamento para a leucemia mieloide crônica refratária no Brasil
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 12 de junho de 2023 o inibidor de tirosina quinase asciminibe para o tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) cromossomo Philadelfia positivo (Ph+) na fase crônica após exposição a dois ou mais inibidores de tirosina quinase (TKIs). A droga também foi aprovada para o tratamento de pacientes com diagnóstico de LMC Ph+ na fase crônica com mutação de T315I.
“As opções de tratamento para pacientes com leucemia mieloide crônica LMC refratários a 2 ou mais TKIs são limitadas. Apesar do prognóstico de pacientes com LMC ter mudado substancialmente com a introdução dos TKIs no final dos anos 90, alguns progridem na vigência desses inibidores de primeira e segunda gerações. Vale lembrar que até a introdução dos TKIs, o transplante de medula óssea era a terapia padrão”, destaca o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Os dados que embasaram essa aprovação são resultantes do estudo ASCEMBL, que randomizou 233 pacientes com LMC Ph+ na fase crônica previamente tratados com dois ou mais inibidores de tirosina quinase entre asciminibe ou bosutinibe. Dentre a população estudada, a maioria (cerca de 80%) já havia recebido imatinibe e dasatinibe previamente, cerca de um terço dos pacientes (31,3%) havia recebido 3 linhas de tratamento prévias e 12,9% possuíam alguma mutação de BCR-ABL1.
A taxa de resposta molecular maior, desfecho principal do estudo, foi de 25% versus 13% nos braços asciminibe e bosutinibe, respectivamente. Na análise conduzida com um tempo de seguimento mediano de 2,3 anos, a taxa de resposta molecular maior na semana 96 foi de 37,6% versus 15,8% com asciminibe e bosutinibe, respectivamente. Com um tempo de seguimento mediano de 20 meses, a duração mediana de resposta molecular maior ainda não foi atingida. Os eventos adversos de graus ≥ 3 apresentados em maior frequência foram: trombocitopenia (22,4%) e neutropenia (18,4%). Outros eventos adversos reportados em menores graus foram: infecções do trato respiratório superior, dor musculoesquelética, fadiga, náuseas, rash cutâneo e diarreia.
“A aprovação do asciminibe é bem-vinda e aumenta as opções terapêuticas para a LMC no cenário de polirefratariedade. Os TKIs de terceira geração, como o ponatinibe, também podem ser uma opção nesse cenário. O asciminibe é o primeiro inibidor alostérico do BCR:ABL1 que ocupa o local da quinase na proteína, inibindo a proliferação celular dependente do BCR/ABL. A droga foi bem tolerada e por ser um TKI cujo mecanismo de ação é distinto de outros TKIs, ainda apresenta atividade mesmo quando ocorreu o desenvolvimento de mecanismos de resistência àqueles. O interessante será no futuro ver as combinações de outros TKIs que in vitro tem mostrado alta atividade de supressão do BCR/ABL”, complementa o Dr. Scheinberg.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida