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Uso adjuvante de inibidores de BRAF e MEK é aprovado nos Estados Unidos
A agência regulatória norte-americana (FDA) divulgou no último dia 1º de maio de 2018 a aprovação do tratamento adjuvante com a combinação do inibidor de BRAF dabrafenibe e o inibidor de MEK trametinibe para pacientes com melanoma estádio III (caracterizados por comprometimento linfonodal) portadores de mutação do BRAF após cirurgia de resseção completa das lesões.
Esta indicação de tratamento baseia-se no estudo de fase III COMBI-AD, que randomizou 870 pacientes com melanoma estádio III portadores de mutação do BRAF (V600E e V600K) completamente ressecados para receberem tratamento com dabrafenibe + trametinibe ou placebo. Após seguimento mediano de 2,8 anos, o estudo atingiu seu objetivo primário com benefício estatisticamente significativo em sobrevida livre de recorrência em favor do braço de tratamento com inibidores de BRAF e MEK combinados (HR=0,47; IC de 95%: 0,39-0,58; p<0,001). A taxa de sobrevida global em 3 anos também foi numericamente superior nesta análise interina (86% versus 77%), e os eventos adversos foram semelhantes àqueles demonstrados nos estudos com estas drogas para tratamento da doença metastática.
O regime de doses e duração de tratamento utilizados no estudo foram: dabrafenibe, 150 mg 2x/dia e trametinibe 2 mg 1x/dia até recorrência de doença, toxicidade limitante ou até completar 1 ano de tratamento.
Esta aprovação amplia as opções de tratamento adjuvante do melanoma, visto que a aprovação de nivolumabe adjuvante nos EUA se deu em dezembro de 2017 e que no último congresso da Associação Americana de Pesquisa do Câncer (AACR), realizado de 14 a 18 de abril de 2018, também foram demonstrados dados positivos do uso de pembrolizumabe no cenário adjuvante.
Segundo o Dr. Rafael Schmerling, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “em nenhuma neoplasia, a terapia alvo isolada se mostrou eficiente no tratamento adjuvante, como neste caso e sobretudo com esta magnitude (redução de risco de 52% de recidiva ou morte). Ao contrário de imatinibe em GIST, dabrafenibe e trametinibe promoveram um ganho de sobrevida livre de doença que se manteve após o término do tratamento com uma curva que não converge com o braço controle. Estabeleceu-se um platô que ao fim de 3 anos proporcionou uma redução de risco absoluto de 19%”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.