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Terapia inovadora aprovada para o tratamento do melanoma uveal avançado nos EUA
O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 26 de janeiro de 2022 tebentafuspe para o tratamento de pacientes com diagnóstico de melanoma uveal irressecável ou metastático com HLA-A*02:01.
Trata-se de uma proteína biespecífica consistindo em um receptor de células T solúvel em fusão com um fragmento variável anti-CD3 de cadeia única.
A aprovação é baseada nos dados do estudo de fase III IMCgp100-202, que randomizou 378 pacientes entre tebentafuspe ou terapia-padrão a escolha do investigador (pembrolizumabe, ipilumumabe ou dacarbazina). Dentre a população avaliada, um terço dos pacientes apresentava elevação de DHL sérico, 37% apresentavam lesões secundárias medindo entre 3,1-8,0 cm e 44% dos pacientes apresentavam doença metastática hepática e extra-hepática. Entre os pacientes do braço controle, 82% receberam pembrolizumabe, 15% ipilimumabe e 6% dacarbazina.
A sobrevida global foi de 21,7 versus 16,0 meses em favor do tratamento com tebentafuspe (HR=0,51; IC de 95%: 0,37-,71; p<0,001). A sobrevida livre de progressão também favoreceu o braço de tebentafuspe (HR=0,73; IC de 95%: 0,58-0,94; p=0,01), além de apresentar maior taxa de resposta (9% versus 5%) e maior taxa de controle de doença (46% versus 27%). A taxa de eventos adversos relacionados ao tratamento de graus ≥ 3 foi 44%, sendo as toxicidades mais comuns aquelas relacionadas com a liberação de citocinas: febre (76%), calafrios (47%), hipotensão (38%), rash cutâneo (83%), prurido cutâneo (69%) e eritema (23%).
“Este é o primeiro estudo fase III que mostra real benefício em sobrevida global e livre de progressão do tebentafuspe em relação à imunoterapia em pacientes com melanoma uveal metastático em um cenário em que não existe tratamento sistêmico padrão. Entretanto, apenas os pacientes com HLA-A*02:01 são elegíveis para o tratamento com tebentafuspe, devendo ser feita a tipagem de HLA em todos os pacientes. Apesar dos resultados favoráveis, é importante destacar que o seguimento do estudo ainda é limitado (apenas um ano) e os resultados são derivados da primeira análise interina (serão duas), além de ainda não termos o tratamento aprovado no Brasil”, destaca a Dra. Veridiana Pires de Camargo, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida