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Biópsia do linfonodo sentinela versus observação no melanoma
A pesquisa do linfonodo sentinela em pacientes com melanoma levou ao aumento na sobrevida livre de doença e na sobrevida por causa específica em 10 anos.
Foram avaliados 2.001 pacientes com melanomas cutâneos primários, que foram randomizados em dois grupos. O primeiro (grupo observação) envolvia pacientes que seriam submetidos à excisão ampla e seguimento clínico, com linfadenectomia em caso de recidiva linfonodal. Já no segundo (grupo biópsia), os pacientes seriam submetidos à excisão ampla e biópsia do linfonodo sentinela, com linfadenectomia imediata se metástases fossem detectadas na biópsia.
Os resultados encontrados foram:
1. As taxas de sobrevida livre de doença em 10 anos foram significativamente melhores no grupo biópsia, em comparação ao grupo observação, para os pacientes com melanoma de espessura intermediária, definida como Breslow de 1,20-3,50 mm (71,3 ± 1,8 versus 64,7% ± 2,3%; HR para recorrência ou metástase foi 0,76; p=0,01) e para os pacientes com melanomas com Breslow > 3,50 mm (50,7 ± 4,0% versus 40,5 ± 4,7%; HR=0,70; p=0,03);
2. Entre os pacientes com melanomas de espessura intermediária, a taxa de sobrevida por causa específica em 10 anos foi de 62,1 ± 4,8% entre aqueles com metástases, contra 85,1 ± 1,5% para aqueles sem metástase (taxa de risco de morte por melanoma 3,09; p<0,001); entre os pacientes com melanomas profundo, as respectivas taxas foram de 48,0 ± 7,0% e 64,6 ± 4,9% (HR=1,75; p=0,03);
3. A conduta baseada na biópsia melhorou a taxa de sobrevida livre de doença à distância em 10 anos (HR=0,62; p=0,02) e a taxa de sobrevida por causa específica em 10 anos (HR de morte por melanoma foi 0,56; p=0,006) para os pacientes com melanomas de Breslow intermediário e metástases ganglionares.
Embora na população como um todo não tenha havido diferença estatística na sobrevida global entre o grupo observação e o grupo biópsia, a sobrevida em 10 anos foi significativamente menor nos pacientes com recorrência linfonodal clínica.
Este estudo sugere que em pacientes com melanoma de Breslow intermediário, a pesquisa do linfonodo sentinela pode impactar na sobrevida global. Entretanto, por enquanto, a principal utilidade da pesquisa do linfonodo sentinela não é terapêutica, mas sim prognóstica.
Referência:
Morton DL, Thompson JF, Cochran AJ, et al. Final trial report of sentinel-node biopsy versus nodal observation in melanoma. N Engl J Med 2014;370(7):599-609.
Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo
Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo.