Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

Vitamina D aumenta sobrevida em câncer de mama?

Enquanto a maioria dos estudos tem analisado a relação entre vitamina D e a incidência de câncer de mama, esta metanálise se propôs a avaliar se a dosagem sérica da 25-hidroxivitamina D (vitamina D) ao diagnóstico está associada à maior sobrevida em pacientes com câncer de mama.

Por meio de pesquisa no PUBMED, 77 estudos foram encontrados sobre vitamina D e risco de câncer de mama, desses estudos, apenas 5 deles foram elegíveis por relatar taxa de risco de morte relacionada à dosagem da vitamina. Um total de 4.443 pacientes foi dividido em grupos a depender de seu nível sérico de vitamina D: grupo de "elevado” (30 a 25 ng/mL) e “baixo” nível sérico (17 ng/mL).

Os resultados encontrados foram:
Dos cinco estudos avaliados, três demonstraram redução estatisticamente significativa de mortalidade quanto mais elevada a concentração sérica de vitamina D. Um dos estudos encontrou também efeito benéfico, mas sem significância estatística, enquanto o quinto estudo demonstrou efeito benéfico na análise multivariada, mas não ajustada por idade.

Especificamente, os pacientes no quintil mais elevado da vitamina apresentaram redução praticamente à metade na taxa de mortalidade comparada àquelas com menor quintil (HR=0,56; IC de 95%: 0,4-0,7; p<0,0001). Houve uma forte relação, inversa e linear, dose-resposta entre os níveis séricos da 25 (OH) vitamina D e taxas de mortalidade por câncer de mama.

A despeito de se acreditar que a redução da mortalidade provocada pela vitamina D ocorra por meio da ação de seus metabólitos ao ativar uma proteína interruptora da divisão celular, alguns pesquisadores apontam que essas descobertas podem ser o resultado de causalidade reversa. É possível que nos tumores mais avançados, níveis baixos de vitamina D sejam uma consequência, e não uma causa.

Diante do exposto, seria necessária maior investigação antes de incluir a vitamina D como adjuvante à terapia convencional do câncer de mama, contudo não vemos razão para que os pacientes não aumentem a ingesta oral dessa vitamina.

Referência:
Mohr SB, Gorham ED, Kim J, et al. Meta-analysis of Vitamin D Sufficiency for Improving Survival of Patients with Breast Cancer. Anticancer Res 2014;34:1163-6.

Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo

Aline da R. Lino
Médica Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo

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