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Embrace Trial – O uso da eribulina no tratamento de segunda linha de mulheres com câncer de mama metastático
Take-home message:
O uso da eribulina, um não-taxano, inibidor dinâmico de microtúbulos, com um novo mecanismo de ação, mostrou um significativo aumento na sobrevida global comparada com qualquer outro tratamento escolhido pelos médicos em mulheres pré-tratadas com câncer de mama metastático.
O uso da eribulina pode ser uma das alternativas na segunda linha de tratamento de mulheres com câncer de mama metastático.
Fase do Estudo:
Fase III, randomizado.
Objetivo:
O objetivo primário foi comparar a sobrevida global de pacientes previamente tratadas que receberam a eribulina versus tratamentos disponíveis atualmente.
População/casuística:
Foram randomizadas e alocadas no grupo de tratamento, 762 mulheres com recorrência local ou câncer de mama metastático. Dessas pacientes, 508 mulheres foram alocadas no grupo de tratamento com a eribulina e 254 mulheres no grupo de tratamento de escolha pelos médicos (TPC).
Desenho do estudo/intervenção:
As mulheres foram randomizadas (2:1), para receber mesilato de eribulina (1,4 mg/m², endovenoso, por 2-5 minutos no D1 e D8 no ciclo de 21 dias; ou no tratamento escolhido pelos médicos (TPC). As pacientes haviam recebido entre 2 e 5 tratamentos quimioterápicos prévios, incluindo um antracíclico e taxanos, com exceção as que tiveram alguma contraindicação. Foram estratificadas pela sua região geográfica, tratamento prévio com capecitabina e status do HER-2. Paciente e investigadores não foram mascados para a alocação do tratamento. O estudo foi registrado no ClicalTrials.gov, número NCT00388726.
Resultados:
A sobrevida global foi significativamente maior nas mulheres que usaram a eribulina (mediana de 13,1 meses; IC de 95%: 11,8-14,3), comparado com as mulheres TPC (10,6 meses; 9,3-12,5; HR=0,81; IC de 95%: 0,6-0,99; p=0,041). O efeito adverso mais comum em ambos os grupos foi a astenia e a fadiga, tendo ocorrido em 270 (54%) das 503 pacientes no grupo da eribulina e 98 (40%) das 247 pacientes dentro TPC em todos os graus, e neutropenia, em 260 pacientes (52%) que receberam eribulina e 73 pacientes (30%) que estavam na TPC em todos os graus. A neuropatia periférica foi o evento adverso mais comum que levou a descontinuação da eribulina e ocorreu em 24 pacientes (5%).
O estudo em perspectiva:
Os resultados desse estudo, publicado no LANCET em 2011 são animadores para toda a classe da oncologia e com possibilidade de novas armas no tratamento de segunda linha de pacientes com câncer de mama metastático.
A eribulina foi aprovada pelo FDA com base nesse estudo, mas ainda não está disponível no Brasil.
Referência:
Cortes J, O’Shaughnessy J, Loesch D, et al. Eribulin monotherapy versus treatment of physician’s choice in patients with metastatic breast cancer (EMBRACE): a phase 3 open-label randomised study. Lancet 2011;377:914-23.
Rodnei Macambira
(Médico Residente de Oncologia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo)