Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

Prognóstico das mulheres com câncer de mama primário diagnosticado durante a gravidez: resultados de um estudo internacional

O câncer de mama é uma das neoplasias mais diagnosticadas durante a gestação, com uma incidência de 0,2 a 2,6%. Acreditava-se que o estímulo hormonal na mama, durante a gestação, fosse extremamente agressivo e, por isso, a cirurgia era contra indicada. O câncer de mama durante a gravidez, normalmente, é diagnosticado tardiamente, devido às alterações que a gestação provoca na mama. Com isso a apresentação da doença ocorre em estádios avançados, com tumores indiferenciados e receptores hormonais negativos, atribuindo-se à gestação como fator prognóstico negativo.

Esse estudo, realizado por Amant et al. utilizou coorts multicêntricas (7 países europeus) e internacionais com o objetivo de estimar o impacto prognóstico da gravidez quando o câncer de mama é diagnosticado. Como ferramenta, foi avaliada a sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) entre os grupos.

O estudo não evidenciou diferenças na SLP (HR=1,34; IC de 95%: 0,93-1,91; p=0,14) ou na SG (HR=1,19; IC de 95%: 0,73-1,93; p=0,51). Além disso, na análise multivariada, a gestação não foi fator de risco de recorrência ou de morte naquela população. Pode-se administrar quimioterapia com as mesmas doses (durante segundo e terceiro trimestre), não apresentando implicações para o feto, uma vez que não houve aumento de más-formações ou comprometimento do desenvolvimento psicomotor da criança.

Podemos concluir que o câncer de mama diagnosticado durante a gravidez pode ser tratado com segurança para a mãe e para o feto e que não representa fator de pior prognóstico, ou seja, a gestação não exerce impacto negativo na evolução do câncer de mama. Essas informações podem ser usadas na prática clínica, para orientar a paciente sobre manter ou não a gestação, o tipo de tratamento mais indicado e o que essa decisão irá acarretar no seguimento e prognóstico da sua doença.

Referências:

  1. Valachis A, Tsali L, Pesce LL, et al. Safety of pregnancy after primary breast carcinoma in young women: A meta-analysis to overcome bias of healthy mother effect studies. Obstet Gynecol Surv 65(12):786-93, 2010.
  2. Amant F, Loibl S, Neven P, et al. Breast cancer in pregnancy. Lancet 379 (9815):570-9, 2012.

Andréa M Ferrian
(Fellow Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes)

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