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Novas indicações de tratamento com um dos inibidores de ciclina para o câncer de mama avançado aprovadas nos EUA
A agência regulatória norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou em 18 de julho de 2018 novas indicações de tratamento para o inibidor de CDK4/6 ribociclibe. Foram aprovados os tratamentos utilizando ribociclibe em combinação com um inibidor da aromatase em pacientes na pré ou perimenopausa, bem como a utilização de ribociclibe em combinação com fulvestranto em pacientes na pós-menopausa. Ambas as indicações de tratamento se referem ao uso da medicação em pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, com receptores hormonais (RH) positivos e HER-2 negativo.
A utilização de ribociclibe em combinação com inibidor de aromatase na pré ou perimenopausa é baseada no estudo de fase III MONALEESA-7, que randomizou 672 pacientes com câncer de mama RH positivos e HER-2 negativo avançado ou metastático para receberem tratamento com tamoxifeno ou inibidor da aromatase (associado a gosserrelina) em combinação com ribociclibe ou placebo. Eram permitidas a exposição prévia a hormonioterapia ou quimioterapia nos cenários neoadjuvante ou adjuvante, e era permitida a utilização de até uma linha de quimioterapia para tratamento da doença avançada. O uso de ribociclibe em combinação à hormonioterapia promoveu benefício estatisticamente significativo em sobrevida livre de progressão da ordem de 10,8 meses (23,8 versus 13,0 meses – HR=0,55, IC de 95%: 0,44-0,69; p<0,0001), com taxa de resposta objetiva de 41% na população total do estudo. Entretanto ao considerar apenas as pacientes com doença mensurável, a taxa de resposta foi ainda maior (51%). A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 foi de 77% no grupo de pacientes que recebeu ribociclibe, sendo os mais comuns neutropenia (61%), leucopenia (14%) e elevação de enzimas hepáticas (5%). Ressalta-se que a despeito dessa taxa de neutropenia, apenas 2% foi neutropenia febril.
O uso de ribociclibe combinado a fulvestranto baseia-se no estudo de fase III MONALEESA-3, que randomizou 484 pacientes na pós-menopausa com câncer de mama RH positivos e HER-2 negativo avançado ou metastático para receberem tratamento com fulvestranto combinado a ribociclibe ou placebo. Era permitida a inclusão de pacientes com exposição prévia a quimioterapia ou hormonioterapia nos cenários neoadjuvante ou adjuvante, bem como a exposição a nenhuma ou uma linha de tratamento com hormonioterapia para a doença avançada. Com seguimento mediano de 20,4 meses, o uso de ribociclibe combinado a fulvestranto promoveu benefício estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão da ordem de 7,7 meses (20,5 versus 12,8 meses – HR=0,59, IC de 95%: 0,48-0,73; p<0,001). A taxa de resposta atingida foi de 32,4% na população global do estudo, e de 40,9% quando avaliou-se apenas as pacientes com doença mensurável. A taxa de eventos adversos foi bastante consistente com os outros estudos que avaliaram o uso de ribociclibe.
De acordo com a Dra. Juliana Martins Pimenta, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “os estudos MONALEESA-3 e MONALEESA-7 confirmam mais uma vez importantes benefícios da classe de medicações dos inibidores de CDK4/6, com aumento significativo na sobrevida livre de progressão e na taxa de resposta comparado com hormonioterapia isolada. O estudo MONALEESA-7 confirma a hipótese, que já considerávamos razoável, de que ao transformarmos uma paciente pré-menopausada em pós-menopausada, teríamos um benefício semelhante com o uso das medicações dessa classe, e como vemos, a magnitude do ganho foi bem semelhante aos estudos prévios nas pacientes pós-menopausadas. O MONALEESA-3 é um importante estudo que, pela primeira vez, inclui pacientes com uso da combinação dessa classe de medicação com fulvestranto na primeira linha, além do uso dessa combinação na segunda linha, já previamente demonstrado com os outros inibidores de CDK4/6. Mais uma vez, estudos demonstraram o importante papel dos inibidores de ciclina no tratamento do câncer de mama metastático RH positivo e HER-2 negativo, uma classe de medicação que mudou o tratamento atual dessa doença”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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