Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

A terapia neoadjuvante com carboplatina, taxano, antracíclico e terapia alvo aumenta resposta patológica completa no câncer de mama triplo-negativo – GeparSixto Trial

A adição de carboplatina na terapia neoadjuvante aumentou a taxa de resposta patológica completa entre todas as pacientes, com melhores resultados nos pacientes com doença triplo-negativo.

O GeparSixto é um estudo de fase II randomizado, no qual foram estudadas 588 pacientes com câncer de mama, estádio II ou III, triplo-negativo ou HER-2 positivo. Elas foram randomizadas em dois braços: o braço A, que recebeu carboplatina (n=296), e o braço B, que não recebeu carboplatina (n=293). Todas as pacientes foram tratadas durante 18 semanas com paclitaxel, 80 mg/m, uma vez por semana, e doxorrubicina lipossomal não peguilado, 20 mg/m, uma vez por semana. Aquelas com câncer de mama triplo-negativo receberam bevacizumabe, 15 mg/kg IV, a cada 3 semanas, e as com doença HER-2 positivo receberam bloqueio duplo com trastuzumabe, 8 mg/kg, dose inicial seguida por 6 mg/kg IV, a cada 3 semanas,  e lapatinibe, 750 mg por dia.

O desfecho primário foi a taxa de resposta patológica completa (ypT0, ypN0). No total foram estudadas 315 pacientes com câncer de mama triplo-negativo, incluindo 158 no grupo da carboplatina e 157 no grupo sem carboplatina. No grupo de mulheres com câncer de mama HER-2 positivo, 273 pacientes foram randomizadas, sendo 137 no grupo da carboplatina e 136 no grupo sem carboplatina.

Entre as pacientes com câncer de mama triplo-negativo (Tabela 1), as taxas de resposta patológica completa foram 53,2 versus 36,9% (p=0,005). Entre aquelas com doença HER-2 positivo (Tabela 2), as taxas de resposta patológica completa eram 32,8 versus 36,8% (p=0,581).
  
Tabela 1 – Pacientes com câncer de mama triplo-negativo

  RPc  
Receberam carboplatina 53,2% p=0,005
Não receberam carboplatina 36,9%  

Tabela 2 – Pacientes com câncer de mama HER-2 positivo

  RPc  
Receberam carboplatina 32,8% p=0,581
Não receberam carboplatina 36,8%  

Em relação aos eventos adversos significativamente mais comuns (p<0,05) no grupo da carboplatina, pode-se listar neutropenia (65 versus 27%), anemia (15 versus < 1%), trombocitopenia (14 versus < 1%), diarreia (17 versus 11%), náusea (10 versus 4 %) e anorexia (8 contra 3%). A redução na dose de qualquer droga ocorreu em 69% do grupo da carboplatina e 55 % do grupo sem carboplatina.

Com base nessas informações, os investigadores concluíram que a adição de carboplatina neoadjuvante combinada com taxano, antraciclina e bevacizumabe aumenta significativamente a proporção de pacientes que atingiram resposta patológica completa em pacientes com câncer de mama triplo-negativo, mas não naquelas com câncer de mama HER-2 positivo.

Referência:
von Minckwitz G, Schneeweiss A, Loibl S, et al. Neoadjuvant carboplatin in patients with triple-negative and HER2-positive early breast cancer (GeparSixto; GBG 66): a randomised phase 2 trial. Lancet Oncol, 2014; Epub ahead of print, Apr 30.

Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Raphael Brandão Moreira
Residente Chefe de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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