Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Gliomas pediátricos

Terapia-alvo é aprovada para o tratamento de gliomas pediátricos nos EUA

Em 16 de março de 2023, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso combinado de dabrafenibe e trametinibe para o tratamento de pacientes pediátricos (≥ 1 ano de idade) com diagnóstico de glioma de baixo grau com mutação de BRAF do tipo V600E que necessitam de tratamento sistêmico. Adicionalmente, foram aprovadas formulações orais em solução de ambas as medicações para pacientes que não conseguem ingerir os comprimidos.

A eficácia dessa estratégia terapêutica foi avaliada no estudo CDRB436G2201, que randomizou pacientes com gliomas de baixo grau (OMS graus 1 e 2) a uma razão 2:1 entre dabrafenibe e trametinibe (D+T) ou carboplatina e vincristina (C+V). A idade mediana dos pacientes foi 9,5 anos (intervalo 1 a 17 anos) e 60% eram do sexo feminino.

Dentre os 110 pacientes com gliomas de baixo grau randomizados, a taxa de resposta pelo critério de RANO (2017) foi de 46,6% versus 10,8% nos braços D+T e C+V (p < 0,001), respectivamente. A duração mediana de resposta foi de 23,7 meses no braço D+T e não alcançada no braço C+V. Já a sobrevida livre de progressão mediana foi de 20,1 meses com a terapia-alvo e 7,4 meses no braço que recebeu quimioterapia (HR=0,31; IC de 95%: 0,17-0,55; p < 0,001). Os dados de sobrevida global ainda são imaturos e não demonstram diferença estatisticamente significante entre os braços. Na análise de segurança dos pacientes pediátricos do braço D+T, a taxa de eventos adversos graves foi de 40%, sendo os principais: febre (14%) e vômitos (4%). Os eventos adversos mais comuns em qualquer grau foram: febre (66%), rash cutâneo (54%), cefaleia (40%), vômitos (38%), dor musculoesquelética (36%), fadiga (31%), xerodermia (31%), diarreia (30%), náuseas (26%), epistaxe e outros sangramentos (26%), dor abdominal (24%) e dermatite acneiforme (23%).

A Dra. Camilla Yamada, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta: “os dados preliminares desse estudo haviam sido apresentados na ASCO 2022 e demonstraram incremento em resposta global, benefício clínico e sobrevida livre de progressão quando comparado ao tratamento-padrão utilizado em gliomas pediátricos de baixo grau com mutação BRAF V600E na apresentação inicial. Aparentemente, essas mutações apresentam maior impacto na intervenção sobre a doença em cenário inicial do que no cenário da recidiva. Com essa aprovação, o tratamento-padrão para esses pacientes se torna a associação de dabrafenibe e trametinibe. Aguardamos os dados da análise final de sobrevida global e também os resultados da coorte de pacientes com gliomas de alto grau”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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