Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Gliomas do adulto

Tratamento inovador é aprovado no Brasil para o manejo de gliomas

Em 11 de agosto de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o vorasidenibe para tratamento de gliomas difusos de grau 2 com mutação de sensibilidade em IDH1/IDH2, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU).

A decisão regulatória se fundamenta no estudo de fase III INDIGO, randomizado, duplo‑cego e controlado por placebo, que avaliou o vorasidenibe em pacientes com astrocitoma ou oligodendroglioma de grau 2, IDH‑mutante, com doença residual ou recidivada após cirurgia e sem quimioterapia ou radioterapia prévias. No total, 331 pacientes foram randomizados, sendo 168 para o braço vorasidenibe e 163 para o braço placebo. A mediana de idade foi de 40 anos (intervalo: 16 a 71 anos), 57% eram do sexo masculino. Em relação ao subtipo tumoral, 52% apresentavam oligodendroglioma e 48% astrocitoma. Sobre o histórico cirúrgico, 79% haviam realizado uma cirurgia prévia e 21% duas ou mais cirurgias prévias. No grupo vorasidenibe, 14% dos pacientes foram submetidos à biópsia, 48% à ressecção subtotal e 51% à ressecção total macroscópica. Entre as mutações de IDH1, a variante R132H foi observada em 87% dos casos. As demais variantes foram: R132C (5%), R132G (3%), R132L (1%) e R132S (1%). Para as mutações de IDH2, foram identificadas R172K (2%) e R172G (1%).

O objetivo primário, sobrevida livre de progressão, favoreceu o uso de vorasidenibe, com medianas de 27,7 versus 11,1 meses (HR=0,39; IC de 95%: 0,27-0,56; p<0,001). O tempo até a próxima intervenção também foi significativamente prolongado (HR=0,26; IC de 95%: 0,15-0,43; p<0,001), com mediana não alcançada no braço vorasidenibe e de 17,8 meses no braço placebo. Eventos adversos graves ocorreram em 7% dos pacientes tratados com vorasidenibe, sendo convulsões relatadas em 3%. A descontinuação permanente devido a eventos adversos aconteceu em 3,6% dos casos, enquanto 30% apresentaram interrupções do tratamento. Os eventos adversos mais comuns (≥ 15%) foram: fadiga (37%), COVID-19 (33%), dor musculoesquelética (26%), diarreia (25%) e convulsão (16%).

A dose de estudo (e recomendação internacional) é de 40 mg, via oral, uma vez ao dia, até progressão de doença ou toxicidade limitante, com monitorização de transaminases.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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