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Nova vacina poderá aumentar a sobrevida em pacientes com glioblastoma multiforme
Um novo tratamento pode aumentar a sobrevida dos pacientes com glioblastoma multiforme (GBM). Um pequeno estudo de fase II, utilizou pacientes que após serem submetidos a ressecção cirúrgica e tratamento quimioterápico, receberam uma vacina experimental e apresentaram sobrevida acima de 5 anos.
Sabe-se que a sobrevida média dos pacientes com GBM é de aproximadamente 15 meses, porém no referido estudo, 7 dos 16 participantes estão ainda vivos, com sobrevida entre 60,7-82,7 meses após o diagnóstico.
Os resultados foram publicados no início deste ano e apresentados recentemente na 4ª Reunião Quadrienal da Federação Mundial de Neuro-Oncologia, em São Francisco nos Estados Unidos.
A terapia experimental, conhecida como ICT- 107, é uma vacina autóloga constituída de 6 antígenos (HER2, TRP-2, gp100, MAGE-1, IL13Rα2 e AIM-2) originados através dos tumores dos pacientes. A vacina está sendo desenvolvida pela Immuno Cellular Therapeutics.
Os 16 pacientes envolvidos no estudo foram submetidos ao tratamento padrão para GBM, que envolve ressecção cirúrgica seguida de tratamento quimioterápico com temozolomida e radioterapia. Eles tinham, ao menos, um dos antígenos vacinais presentes em seus tumores. A vacina foi administrada por via subcutânea a cada 2 semanas, totalizando 3 doses.
O endpoint primário do estudo foi determinar o benefício da vacina ICT-107 em pacientes recém-diagnosticados com GBM e identificar pacientes que sobreviveriam mais de 5 anos. A sobrevida livre de progressão mediana foi de 16,9 meses, e a taxa de sobrevida livre de progressão em 5 anos foi de 37,5%. Sobrevida global mediana foi de 38,4 meses e a taxa de sobrevida global em 5 anos foi de 50%.
Oito dos 16 pacientes sobreviveram mais de 5 anos e 7 ainda estão vivos (60,7; 65,1; 67,5; 67,4; 69,4; 77,9 e 82,7 meses). Em 6 pacientes, a sobrevida livre de progressão foi maior que 5 anos, quatro dos seis pacientes continuam livres de doença (65,1; 67,4; 77,9 e 82,7 meses). De acordo com os autores, um paciente morreu de leucemia em 61 meses, (mas a leucemia não estava relacionado com a terapia) e o outro paciente desenvolveu progressão do tumor em 62 meses, passou por nova cirurgia e tratamento com temozolomida, esta atualmente estável.
Todos os sobreviventes, a longo prazo, tinham tumores com ao menos cinco antígenos e 75% tinham tumores com todos os seis antígenos.
Fase II em Andamento
Com base nos dados citados acima, foi iniciado em 25 centros médicos, um estudo de fase II, randomizado, duplo cego, que envolve cerca de 125 pacientes e os resultados preliminares serão divulgados após 64 eventos. Se os resultados forem tão bons como os resultados do estudo de fase I, é possível que não haja a necessidade de estudos maiores de fase III para a aprovação das agencias reguladoras de saúde.
Referencia:
Phuphanich S, Wheeler CJ, Rudnick JD, et al. Phase I trial of a multi-epitope-pulsed dendritic cell vaccine for patients with newly diagnosed glioblastoma. Cancer Immunol Immunother 62:125-35, 2013.
Raphael Brandão
(Médico Residente de Oncologia do Hospital São José – Beneficência Portuguesa de São Paulo)