Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Ovário

Ooforectomia profilática reduz o risco de câncer de ovário em pacientes com mutação dos genes BRCA1 e BRCA2

O risco de câncer de ovário em todas as mulheres (incluindo aquelas sem mutações de BRCA) é de 1,4%. Aproximadamente 10 a 15% das neoplasias de ovário ocorrem devido a alguma mutação genética.

Um estudo recentemente publicado no Journal of Clinical Oncology, prospectivo e multicêntrico, buscou entender o momento ideal para as pacientes serem submetidas à ooforectomia.

Neste estudo, 5.783 mulheres com mutações do BRCA1 (n=4.473) ou BRCA2 (n=1.310) foram selecionadas no Canadá, Estados Unidos, Áustria, França, Itália, Noruega e Polônia. As pacientes preencheram questionários sobre a sua história reprodutiva, história cirúrgica (incluindo ooforectomia preventiva e mastectomia) e uso de hormônios.

Dentre as 5.783 mulheres, 2.270 não haviam sido submetidas a uma ooforectomia, 2.123 haviam sido submetidas à ooforectomia antes do início do estudo e 1.390 passaram por ooforectomia no período de acompanhamento do estudo.

Após um período mediano de acompanhamento, de 5,6 anos, 186 mulheres desenvolveram câncer de ovário (n=132), de falópio (n=22), ou peritônio (n=32), sendo que 68 morreram.

Os resultados do estudo mostraram que a ooforectomia reduz em 80% o risco de câncer de ovário, trompa de Falópio, ou câncer peritoneal em portadoras de mutações do BRCA1 ou BRCA2 (HR=0,20; IC de 95%: 0,13-0,30; p<0,001).

Houve também uma redução de 77% na mortalidade por todas as causas aos 70 anos (HR=0,23; IC de 95%: 0,13-0,39; p<0,001) nas pacientes submetidas à ooforectomia.

O estudo concluiu que as pacientes com mutação do gene BRCA1 ou BRCA2 submetidas à ooforectomia profilática após os 35 anos tiveram uma chance maior de desenvolver câncer de ovário. Se uma mulher com uma mutação BRCA1 adiar a cirurgia profilática até os 40 anos de idade, o risco de câncer de ovário sobe para 4% e o risco após os 50 anos aumenta para 14,2%. As mulheres com BRCA1 ou BRCA2 com ausência de neoplasia no início do estudo e que foram submetidas à ooforectomia tiveram uma redução de 77% no risco geral de morte até os 70 anos.

Outro dado interessante exposto no estudo é que as mulheres que possuem apenas a mutação do BRCA2 parecem não ter um maior risco até os 35 anos de idade e poderiam atrasar a cirurgia até seus 40 anos.

Referência:
1. Finch AP, Lubinski J, Møller P, et al. Impact of oophorectomy on cancer incidence and mortality in women with a BRCA1 or BRCA2 mutation. J Clin Oncol 2014, Epub ahead of print, Feb 24.

Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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