CANCER DE ÓVARIO – Um estudo randomizado, multicêntrico, fase III comparou o esquema semanal (dose densa) versus o esquema a cada 3 semanas de carboplatina (C) mais paclitaxel (P) em pacientes com câncer de ovário: Multicenter Italian Trials in Ovarian Cancer (MITO-7), European Network of Gynaecological Oncological Trial Groups (ENGOT-ov-10) e Gynecologic Cancer Intergroup (GCIG) Trial

Take-home message:
O regime de dose densa em câncer de ovário mostrou menor toxicidade e melhora da qualidade de vida, quando comparado ao regime de tratamento com doses convencionais a cada 3 semanas.

Fase do Estudo:
Fase III, randomizado.

Objetivo:
O objetivo principal foi análise de sobrevida livre de progressão e qualidade de vida.

População/casuística:
822 pacientes, média de idade de 60 anos, estádio III e IV (84%) das pacientes.

Desenho do estudo/intervenção:
Este estudo envolveu pacientes com câncer de ovário EC IC-IV, ≤ 75 anos, ECOG ≤ 2. Os pacientes foram randomizados em dois grupos: o que recebeu carboplatina AUC6 + paclitaxel, 175 mg/m², d1q21, por 6 ciclos a cada 3 semanas versus o que recebeu carboplatina AUC2 + paclitaxel, 60 mg/m², semanal.

Resultados:
A média de idade foi de 60 anos, estádio III e IV (84% das pacientes). A SLP foi de 18,8 meses com QT regime dose densa e 16,5 meses com esquema a cada 3 semanas (HR=0,88; IC de 95%: 0,72-1,06; p=0,18). Em relação à qualidade de vida este estudo italiano, mostrou a superioridade do regime dose densa em relação a qualidade de vida (menor incidência de neutropenia, neutropenia febril, trombocitopenia, toxicidade renal e neuropatia em comparação ao regime convencional a cada três semanas (p<0,0001).

O estudo em perspectiva:
O desenho deste estudo é diferente do estudo japonês JGOG 3016² que mostrou superioridade do regime dose densa com ganho em sobrevida global. No presente estudo¹ os esquemas tiveram resultados semelhantes para SLP, diferente do estudo japonês¹, importante ressaltar as diferenças entre os dois estudos – no MITO 7¹, a dose de paclitaxel era diferente do estudo japonês; no JGOG 3016² apenas o paclitaxel era administrado semanalmente, a carboplatina continuou a cada 3 semanas com AUC de 6, no estudo Italiano a carboplatina foi semanal e com AUC de 2. A importância deste estudo está nos dados relacionados à qualidade de vida, nos quais foi evidenciado a superioridade do regime dose densa em relação à qualidade de vida, pois apresentou menor incidência de neutropenia, neutropenia febril, trombocitopenia, toxicidade renal e neuropatia.

Referências:
¹ Pignata S, Scambia G, Lauria R, et al. A randomized multicenter phase III study comparing weekly versus every 3 weeks carboplatin (C) plus paclitaxel (P) in patients with advanced ovarian cancer (AOC): Multicenter Italian Trials in Ovarian Cancer (MITO-7)—European Network of Gynaecological Oncological Trial Groups (ENGOT-ov-10) and Gynecologic Cancer Intergroup (GCIG) trial. J Clin Oncol 2013;31 (suppl; abstr LBA5501).

² Katsumata N, Yasuda M, Isonishi S, et al. Long-term results of dose-dense paclitaxel and carboplatin versus conventional paclitaxel and carboplatin for treatment of advanced epithelial ovarian, fallopian tube, or primary peritoneal cancer (JGOG 3016): a randomised, controlled, open-label trial. Lancet Oncol 2013;14:1020-6.

Raphael Brandão Moreira
(Médico Residente de Oncologia no Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

07/10/2013