Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Ovário

Adição de bevacizumabe à quimioterapia aumenta a sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de ovário metastático considerado resistente à terapia baseada em platina

A quimioterapia (QT) com agente único é considerada padrão no câncer de ovário resistente à platina. O estudo de fase III AURELIA, publicado no Journal of Clinical Oncology, constatou que a adição de bevacizumabe à QT resulta em melhora significativa na sobrevida livre de progressão (SLP) de doença nas pacientes com câncer de ovário resistente à platina. A combinação também foi associada com uma melhor taxa de resposta objetiva. No entanto, não foi observada diferença significativa na sobrevida global (SG).

Para desenvolvimento do estudo, todas as pacientes foram randomizadas em dois grupos após progredirem até 6 meses contados a partir do término da terapia baseada em platina. Elas foram distribuídas aleatoriamente para receber QT isolada (n=182) ou QT com bevacizumabe (n=179) a 10 mg/kg, a cada 2 semanas, ou a 15 mg/kg, a cada 3 semanas.

Os resultados encontrados foram:

  • Sobrevivência livre de progressão: a SLP mediana pelo RECIST foi de 6,7 meses (QT + bevacizumabe) versus 3,4 meses (QT isolada) HR=0,48; p<0,001.
  • Taxa de resposta objetiva e sobrevida global: a taxa de resposta objetiva foi de 30,9% no grupo da terapia combinada e 12,6 % no grupo QT isolada (p<0,001). A SG mediana foi de 16,6 meses no grupo QT + bevacizumabe e 13,3 meses no grupo QT isolada (HR=0,85; p=0,174).
  • Eventos adversos: 57% dos eventos adversos ocorreram no grupo bevacizumabe + QT versus 40,3% do grupo QT isolada. Eventos grau ≥ 2 hipertensão (20 versus 7%), perfuração gastrointestinal (2 versus 0%) e fístula/abscesso (2 versus 0%) e eventos grau ≥ 3, hipertensão (7 versus 1%), proteinúria (2 versus 0%), perfuração gastrointestinal (2 versus 0%), eventos tromboembólicos (5 versus 4%), fístula/abcesso (1 versus 0%), e síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível (1versus 0%).

A adição de bevacizumabe à QT melhorou a SLP e a taxa de resposta objetiva. Baseado nesses dados, bevacizumabe combinado com QT deve ser considerado a opção padrão no câncer de ovário resistente à platina.

Referência:
Pujade-Lauraine E, Hilpert F, Weber B, et al. Bevacizumab Combined With Chemotherapy for Platinum-Resistant Recurrent Ovarian Cancer: The AURELIA Open-Label Randomized Phase III Trial. J Clin Oncol 2014; Epub ahead of print, Mar 17.

Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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