Continue sua leitura
Imunoterapia aprovada no tratamento de primeira linha do câncer de colo uterino pela ANVISA
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em junho de 2022 o uso de pembrolizumabe associado a quimioterapia com ou sem bevacizumabe para o tratamento de primeira linha do câncer cervical persistente, recorrente ou metastático com expressão de PDL-1 ≥ 1 (pontuação positiva combinada – CPS).
Esta indicação de uso foi avaliada no estudo de fase III KEYNOTE-826, em 617 pacientes sem tratamento sistêmico prévio no cenário avançado que foram randomizadas entre pembrolizumabe ou placebo associados a quimioterapia (paclitaxel com cisplatina ou carboplatina) por até 6 ciclos combinada ou não a bevacizumabe. A população incluída era contemplada em sua maioria por pacientes com doença de histologia escamosa, apenas cerca de 10% das pacientes apresentavam PDL-1 < 1, cerca de 75% dos casos haviam recebido tratamento com radioterapia ou quimioirradiação anteriormente, em torno de 20% dos casos a doença apresentou-se metastática ao diagnóstico e pouco menos de dois terços das pacientes receberam tratamento com bevacizumabe durante o estudo.
Na população PDL-1 ≥ 1 (n=548), o braço tratado com pembrolizumabe apresentou benefício em sobrevida livre de progressão (medianas de 10,4 versus 8,2 meses; HR=0,62; IC de 95%: 0,50-0,77; p < 0,0001), além de uma redução de 36% no risco de morte (HR=0,64; IC de 95%: 0,50-0,81; p=0,0001) em comparação a placebo. A taxa de resposta e duração mediana de resposta também foram superiores no braço tratado com o imunoterápico (68% e 18 meses versus 50% e 10,4 meses, respectivamente). Em uma atualização do estudo apresentada na ASCO 2022, o benefício em sobrevida global demonstrou ser consistente em avaliação de subgrupos em ambas as histologias escamosa e não-escamosa, tanto no uso de carboplatina quanto cisplatina, naquelas tratadas com bevacizumabe ou não, bem como naquelas com tratamento prévio com quimioirradiação ou não.
A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 relacionados ao tratamento foi 68,4% versus 64,1% para pembrolizumabe e placebo, respectivamente, destacando-se como eventos adversos apresentados em maior frequência no braço do anti-PD-1: anemia, alopecia, náuseas, diarreia e fadiga.
“Trata-se de aprovação de grande relevância no câncer cervical, dado ser doença habitualmente de comportamento agressivo quando no contexto metastático, com poucas opções de tratamentos subsequentes. As análises apresentadas na ASCO evidenciam que o uso foi importante independente de tipo histológico, tipo de quimioterapia ou tratamento prévio e reiteram o ganho em sobrevida livre de progressão e sobrevida global”, destaca a Dra. Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista clínica da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida