Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Geniturinário

CÂNCER DE RIM – Pazopanibe versus sunitinibe em câncer de rim metastático

Resumo:
Pazopanibe e sunitinibe tiveram ganho de sobrevida livre de progressão (SLP), quando foram comparados com placebo ou interferon, em estudos de fase III que envolveram pacientes com câncer de rim metastático. Este fase III, randomizado comparou a eficácia e segurança de pazopanibe e sunitinibe como terapia de primeira linha.

Métodos:
Foram randomizados 1.110 pacientes com câncer de rim metastático (células claras) em proporção 1:1, para receber uma dose contínua de pazopanibe (800 mg, 1x/dia; 557 pacientes) ou sunitinibe em ciclos de 6 semanas (50 mg, 1x/dia, durante 4 semanas, seguido de 2 semanas sem tratamento; 553 pacientes). O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão avaliada por revisão independente, o estudo foi desenhado para demonstrar a não inferioridade do pazopanibe contra sunitinibe. Os endpoints secundários incluíram sobrevida global, segurança e qualidade de vida.

Resultados:
Pazopanibe foi não inferior ao sunitinibe em relação à SLP (progressão de doença ou morte por qualquer causa, HR=1,05; IC de 95%: 0,90-1,22), atendendo à margem pré definida de não inferioridade (limite superior, IC de 95%, < 1,25). Sobrevida global foi semelhante (morte com pazopanibe, HR=0,91; IC de 95%: 0,76-1,08). Os pacientes tratados com sunitinibe, em comparação com aqueles tratados com pazopanibe, tiveram uma maior incidência de fadiga (63 versus 55%), a síndrome mão-pé (50 versus 29%) e trombocitopenia (78 versus 41%), os pacientes tratados com pazopanibe tiveram uma maior incidência de aumento dos níveis de alanina aminotransferase (ALT) (60 contra 43%, com sunitinibe). A diferença em 11 dos 14 itens de qualidade de vida relacionados com a saúde, particularmente aqueles relacionados à fadiga ou ulcerações em boca, garganta, mãos ou pés, durante os primeiros seis meses de tratamento favoreceram o pazopanibe (p<0,05 para todas as 11 comparações).

Conclusão:
Pazopanibe e sunitinibe tem eficácia semelhante, mas os perfis de segurança e de qualidade de vida favorecem pazopanibe.

Motzer RJ, Hutson TE, Cella D, et al. Pazopanib versus sunitinib in metastatic renal-cell carcinoma. N Engl J Med 2013;369:722-31.

Comentários – MOC Brasil:

Com a aumento do número de opções para o tratamento do CCRm, estudos de comparação de eficácia entre drogas aprovadas em primeira linha procuram elucidar o tratamento de eleição neste cenário, levando-se em consideração eficácia e perfil de eventos adversos. O estudo COMPARZ, com um desenho de não-inferioridade, avaliou a eficácia de pazopanibe versus sunitinibe, em termos de sobrevida livre de progressão. O desfecho primário foi alcançado, já que o limite superior do intervalo de confiança não ultrapassa o 1,25, previamente estabelecido como limite para não inferioridade.

Neste estudo, pazopanibe e sunitinibe apresentaram taxas de redução de dose e descontinuação da droga semelhantes. Entretanto, o perfil de toxicidade difere  entre as drogas.  No braço de pazopanibe, houve maior toxicidade hepática, perda de peso e alterações na coloração do cabelo. Por outro lado, eventos adversos-chave como fadiga, síndrome mão-pé, mucosite foram mais frequentes com sunitinibe.

Durante os primeiros seis meses de tratamento, os escores de qualidade de vida favoreceram pazopanibe em 11 de 14 comparações. Segundo os autores, o fato das avaliações de qualidade de vida serem realizadas no 28º dia de cada ciclo de sunitinibe, diferentemente de avaliações realizadas no 42º dia, poderia favorecer pazopanibe, já que não se avalia os pacientes após as 2 semanas sem o uso de sunitinibe. Ou seja, não leva em consideração o tempo de recuperação dos eventos adversos chave na avaliação de qualidade de vida.

O estudo é importante para a comparação de eficácia de tratamento em primeira linha, além da avaliação em relação á qualidade de vida e perfil de segurança. Novos estudos são necessários para se estabelecer não apenas a terapia de eleição em primeira linha, mas também a melhor sequência de tratamento.

Fernando Vidigal 
(Médico Oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

Raphael Brandão Moreira
(Médico Residente de Oncologia Clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

09/09/2013

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