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FDA aprova talazoparibe em combinação com enzalutamida para o câncer de próstata metastático resistente à castração
O FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos aprovou, em 20 de junho de 2023, a combinação de talazoparibe com enzalutamida para o tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm) com mutação nos genes de reparo da recombinação homóloga (HRR).
A eficácia dessa combinação foi avaliada no estudo TALAPRO-2, um ensaio multicêntrico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que incluiu 399 pacientes com CPRCm apresentando mutação em um gene HRR. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber enzalutamida combinada a talazoparibe ou placebo. O desfecho principal de eficácia foi a sobrevida livre de progressão radiográfica (SLPr). A idade mediana da população foi 70 anos, 39% apresentavam metástases exclusivamente ósseas e 15% possuíam doença visceral. No contexto da doença sensível à castração metastática, 29% dos pacientes receberam docetaxel e 9% receberam previamente um inibidor de CYP17. Os genes HRR mais comumente mutados (>5%), incluindo mutações concomitantes, foram: BRCA2 (34%), ATM (22%), CDK12 (19%), CHEK2 (18%) e BRCA1 (6%).
A combinação de talazoparibe com enzalutamida demonstrou uma melhora significativa na SLPr em comparação a placebo e enzalutamida na população com alteração de HRR, com mediana não alcançada versus 13,8 meses (HR=0,45; IC de 95%: 0,33-0,61; p<0,0001). Em uma análise exploratória pelo status de mutação de BRCA, o hazard ratio para SLPr em pacientes com presença de mutação de BRCA foi 0,20 (IC de 95%: 0,11-0,36) e em pacientes com alteração de HRR sem mutação de BRCA foi 0,72 (IC de 95%: 0,49-1,07). Os eventos adversos mais comuns (≥10%), incluindo anormalidades laboratoriais, foram: anemia, neutropenia, linfopenia, fadiga, plaquetopenia, hipocalcemia, náuseas, diminuição do apetite, hiponatremia, hipofosfatemia, fraturas, hipomagnesemia, tontura, hiperbilirrubinemia, hipopotassemia e disgeusia. Destaca-se que 39% dos pacientes tratados com a combinação necessitaram de tranfusão de hemácias, incluindo 22% deles que necessitaram de múltiplas transfusões, além de 2 pacientes terem sido diagnosticados com síndrome mielodisplásica/leucemia mieloide aguda.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida