Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Geniturinário

CÂNCER DE PRÓSTATA – Aumento da sobrevida com enzalutamida no câncer de próstata após quimioterapia (AFFIRM)

Resumo:
A enzalutamida (antigo MDV 3100) atua em vários pontos da via de sinalização dependente de androgênios que é o principal fator associado ao crescimento do câncer de próstata. O objetivo do artigo é avaliar se a enzalutamida prolonga a sobrevida em homens com câncer de próstata resistente a castração após quimioterapia.

Estudo de fase III, duplo cego com grupo controle placebo, estratificou 1.199 homens com câncer de próstata resistente à castração após quimioterapia de acordo com seu desempenho (ECOG) e intensidade de dor. A randomização foi 2:1; para enzalutamida oral na dose de 160 mg por dia (800 pacientes) ou placebo (399 pacientes). O objetivo primário do estudo era sobrevida global.

Resultados:
O estudo foi interrompido após análise interina planejada após 520 mortes. A sobrevida global média foi de 18,4 meses (IC de 95%: 17,3 – ainda não alcançado) no grupo enzalutamida versus 13,6 meses (IC de 95%: 11,3-15,8) no grupo placebo (morte no grupo enzalutamida de HR=0,63; IC de 95%: 0,53-0,75; p<0,001). A superioridade da enzalutamida sobre o grupo placebo ocorreu em todos os objetivos secundários: redução do PSA em 50% ou mais (54 versus 2%, p<0,001), taxa de resposta em tecidos moles (29 versus 4%; p<0,001), taxa de resposta em qualidade de vida (43 versus 18%; p<0,001), tempo até progressão por PSA (8,3 versus 2,9 meses; HR=0,40; p<0,001) e o tempo até evento significativo relacionado aos ossos (16,7 versus 13,3 meses; HR=0,69; p<0,001). Taxas de fadiga, diarreia e fogachos foram maiores no grupo enzalutamida. Convulsões foram descritas em cinco (0,6%) no grupo enzalutamida.

Conclusões:
A enzalutamida prolonga significativamente a sobrevida em homens com doença mestastática prostática resistente a castração após quimioterapia.

Referência:
Scher HI, Fizazi K, Saad F, et al. Increased survival with enzalutamide in prostate cancer after chemotherapy. N Engl J Med 2012;367:1187-97.

Comentários – MOC Brasil:

Nesse importante estudo observamos que a existência da “doença refratária a hormônio”, tida como uma das principais indicações para tratamento quimioterápico nos pacientes com câncer de próstata metastático, vem sendo mudada para “doença refratária a castração”. A enzalutamida é um inibidor do receptor da sinalização androgênica, sendo diferente, pois atua inibindo a translocação intracelular do receptor de androgênio. A enzalutamida é um importante instrumento a ser utilizado no tratamento do câncer de próstata metastático visto o seu benefício na sobrevida global.

Matheus Alessandretti
(Médico Residente de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

24/09/2013

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