Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Bexiga

Nova terapia aprovada para o tratamento do carcinoma urotelial avançado nos Estados Unidos

A agência norte-americana FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 18 de dezembro de 2019 o anticorpo conjugado a droga (ADC) enfortumabe vedotina para o tratamento de pacientes com carcinoma urotelial avançado que apresentaram progressão de doença após tratamento com quimioterapia baseada em platina e inibidor de checkpoint. A decisão anunciada é baseada nos resultados da coorte 1 do estudo de fase II EV-201. A droga é composta de um anticorpo monoclonal dirigido a nectina-4, uma proteína transmembrana altamente expressa em diversos tumores (além de apresentar expressão fraca a moderada na pele) associada ao agente anti-microtúbulos monometil auristatina E.

No estudo EV-201, o tratamento com enfortumabe vedotina está sendo avaliado tanto em pacientes com exposição prévia a quimioterapia e inibidores de checkpoint (coorte 1), quanto naqueles com tratamento prévio apenas com o uso de inibidores de checkpoint (coorte 2). Os resultados da primeira coorte foram reportados recentemente no Journal of Clinical Oncology, enquanto a coorte 2 ainda está em andamento. De acordo com os dados reportados, um total de 128 pacientes foram registrados para receber tratamento com enfortumabe vedotina, e os resultados foram apresentados após um seguimento mediano de 10,2 meses. A taxa de resposta objetiva confirmada com o uso da droga foi de 44%, destacando-se 12% de respostas completas. A duração mediana das respostas foi de 7,6 meses, entretanto 44% dos pacientes continuavam apresentando resposta no momento da coleta dos dados para a publicação. Destaca-se que o tratamento apresentou eficácia independente da resposta apresentada ao uso prévio de inibidores de checkpoint (respostas em 56% daqueles com resposta prévia a anti-PD-1/PD-L1, e 41% dentre os não respondedores), assim como naqueles com fatores associados a prognóstico desfavorável, como a presença de metástases hepáticas e exposição prévia a ≥ 3 linhas de tratamento sistêmico (taxas de resposta de 38% e 41%, respectivamente).

No tocante a segurança do tratamento, a taxa de eventos adversos relacionados ao tratamento de graus ≥ 3 foi 54%, destacando-se como os eventos adversos apresentados em maior frequência: fadiga (50% em qualquer grau, e 6% em graus ≥ 3), alopecia (49% em qualquer grau), redução do apetite (44% em qualquer grau, e 1% em graus ≥ 3), alteração do paladar (40% em qualquer grau) e neuropatia sensorial periférica (40% em qualquer grau, e 2% em graus ≥ 3). O último deles sendo o evento adverso mais frequentemente associado a descontinuação do tratamento em decorrência de toxicidades (6%), entretanto o quadro foi reversível na maioria dos pacientes (76% apresentavam resolução do sintoma ou redução para grau 1 no último seguimento). A frequência de rash cutâneo, um dos eventos adversos relacionados ao mecanismo de ação da droga, foi de 48% em qualquer grau, sendo a maioria de graus ≤ 2 (75%) e apresentando resolução completa no último seguimento (73%).

O Dr. Fernando Maluf, editor do MOC e Diretor Médico Associado do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta: “este estudo que levou a aprovação do enfortumabe vedotina representa um grande avanço na área, pois consolida o papel dos ADCs no tratamento dos tumores sólidos. Outras drogas também desta classe estão sendo estudadas no câncer urotelial usando diferentes payloads com resultados promissores”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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