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Imunoterapia recebe aprovação em novas indicações de tratamento no Brasil
A farmacêutica MSD emitiu nota esta semana informando a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de duas novas indicações para tratamento com o anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe no cenário nacional.
– Câncer de bexiga
A primeira aprovação refere-se ao tratamento de pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático não candidatos a tratamento com quimioterapia baseada em cisplatina. Esta aprovação baseia-se nos resultados do estudo de fase II KEYNOTE-052, que avaliou a eficácia e segurança do tratamento com pembrolizumabe em 370 pacientes com carcinoma urotelial avançado ou metastático sem tratamento prévio, inelegíveis para o uso de cisplatina. A atualização dos dados, recém divulgada entre os resumos do congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica de 2018 (ASCO 2018), demonstrou com seguimento mediano de 11,5 meses que o uso de pembrolizumabe promoveu taxa de resposta da ordem de 28,9%, com 8,1% de respostas completas. A duração mediana de resposta ainda não foi atingida, e 68% dos pacientes com resposta apresentaram manutenção da mesma por período maior ou igual a 12 meses. A mediana de sobrevida global na população estudada foi de 11,5 meses. Em relação à segurança, o tratamento com pembrolizumabe promoveu uma taxa de 20,3% de eventos adversos graus ≥3, com 24,6% dos pacientes apresentando algum evento adverso imune-mediado.
– Câncer gástrico
A segunda aprovação divulgada refere-se ao uso de pembrolizumabe para o tratamento de pacientes com câncer gástrico ou da junção esôfago-gástrica avançado portadores de expressão de PD-L1 ≥1 com exposição prévia a ≥2 regimes de quimioterapia contendo fluoropirimidina e dupla de platina. O racional para a aprovação baseia-se na coorte 1 do estudo de fase II KEYNOTE-059, que avaliou a segurança e eficácia do tratamento com pembrolizumabe em 259 pacientes portadores de adenocarcinoma gástrico ou da junção esôfago-gástrica recorrente ou metastático com progressão após 2 ou mais regimes de quimioterapia contendo fluoropirimidina e dupla de platina (necessária exposição prévia a trastuzumabe, caso tumor HER-2 positivo). Os desfechos foram avaliados de acordo com a expressão de PD-L1 por análise imuno-histoquímica utilizando o combined positive score (CPS). Com seguimento mediano de 5,8 meses, o tratamento com pembrolizumabe promoveu taxa de resposta de 11,6%, com 2,3% de repostas completas, e a duração mediana de resposta foi 8,4 meses na população total. Entretanto, quando analisados apenas os pacientes com expressão de PD-L1 positivo (CPS ≥1), a taxa de resposta atingida foi da ordem de 15,5% e duração de resposta mediana de 16,3 meses. Em relação à segurança, eventos adversos de graus ≥3 ocorreram em 17,8% dos pacientes. Ressalta-se que cerca de um quarto dos pacientes (23,4%) apresentou sobrevida ≥ 12 meses, a despeito de aproximadamente metade da população (49,3%) ser refratária a 3 ou mais linhas de tratamento.
Estas aprovações aumentam o número de indicações de tratamento com o uso do anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe no Brasil, em um cenário que já contempla melanoma metastático, câncer de pulmão de células não pequenas como tratamento inicial em pacientes alta expressão de PD-L1 (≥50%) e como tratamento de resgate após quimioterapia para pacientes com alguma expressão de PD-L1 (≥1%), e o próprio carcinoma urotelial metastático após progressão a quimioterapia contendo platina.
Segundo o Dr. Ricardo Carvalho, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “aproximadamente 50% dos pacientes com câncer de bexiga não são elegíveis para cisplatina na primeira linha e, até então, tínhamos no Brasil poucas alternativas para esta população. A aprovação do pembrolizumabe neste cenário representa uma excelente notícia, pois agora teremos mais esta opção de tratamento, com taxas de respostas significativas (e duradouras), e com evidente menor grau de toxicidade quando comparado com os esquemas de quimioterapia disponíveis até então. Em relação aos tumores gástricos, o pembrolizumabe chega como uma nova possibilidade para uma população refratária às melhores estratégias terapêuticas disponíveis até o momento, e que até então possuía opções limitadas de tratamento com alguma eficácia. Importante reforçar que o uso do CPS auxilia na seleção adequada dos pacientes que merecem receber este tratamento pela eficácia superior nesta população”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.