Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Bexiga

Imunoterapia recebe aprovação em novas indicações de tratamento no Brasil

MOC Noticias 26 - Imunoterapia recebe aprovação em novas indicações de tratamento no Brasil

A farmacêutica MSD emitiu nota esta semana informando a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de duas novas indicações para tratamento com o anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe no cenário nacional.

 

– Câncer de bexiga

A primeira aprovação refere-se ao tratamento de pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático não candidatos a tratamento com quimioterapia baseada em cisplatina. Esta aprovação baseia-se nos resultados do estudo de fase II KEYNOTE-052, que avaliou a eficácia e segurança do tratamento com pembrolizumabe em 370 pacientes com carcinoma urotelial avançado ou metastático sem tratamento prévio, inelegíveis para o uso de cisplatina. A atualização dos dados, recém divulgada entre os resumos do congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica de 2018 (ASCO 2018), demonstrou com seguimento mediano de 11,5 meses que o uso de pembrolizumabe promoveu taxa de resposta da ordem de 28,9%, com 8,1% de respostas completas. A duração mediana de resposta ainda não foi atingida, e 68% dos pacientes com resposta apresentaram manutenção da mesma por período maior ou igual a 12 meses. A mediana de sobrevida global na população estudada foi de 11,5 meses. Em relação à segurança, o tratamento com pembrolizumabe promoveu uma taxa de 20,3% de eventos adversos graus ≥3, com 24,6% dos pacientes apresentando algum evento adverso imune-mediado.

 

– Câncer gástrico

A segunda aprovação divulgada refere-se ao uso de pembrolizumabe para o tratamento de pacientes com câncer gástrico ou da junção esôfago-gástrica avançado portadores de expressão de PD-L1 ≥1 com exposição prévia a ≥2 regimes de quimioterapia contendo fluoropirimidina e dupla de platina. O racional para a aprovação baseia-se na coorte 1 do estudo de  fase II KEYNOTE-059, que avaliou a segurança e eficácia do tratamento com pembrolizumabe em 259 pacientes portadores de adenocarcinoma gástrico ou da junção esôfago-gástrica recorrente ou metastático com progressão após 2 ou mais regimes de quimioterapia contendo fluoropirimidina e dupla de platina (necessária exposição prévia a trastuzumabe, caso tumor HER-2 positivo). Os desfechos foram avaliados de acordo com a expressão de PD-L1 por análise imuno-histoquímica utilizando o combined positive score (CPS). Com seguimento mediano de 5,8 meses, o tratamento com pembrolizumabe promoveu taxa de resposta de 11,6%, com 2,3% de repostas completas, e a duração mediana de resposta foi 8,4 meses na população total. Entretanto, quando analisados apenas os pacientes com expressão de PD-L1 positivo (CPS ≥1), a taxa de resposta atingida foi da ordem de 15,5% e duração de resposta mediana de 16,3 meses. Em relação à segurança, eventos adversos de graus ≥3 ocorreram em 17,8% dos pacientes. Ressalta-se que cerca de um quarto dos pacientes (23,4%) apresentou sobrevida ≥ 12 meses, a despeito de aproximadamente metade da população (49,3%) ser refratária a 3 ou mais linhas de tratamento.

 

Estas aprovações aumentam o número de indicações de tratamento com o uso do anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe no Brasil, em um cenário que já contempla melanoma metastático, câncer de pulmão de células não pequenas como tratamento inicial em pacientes alta expressão de PD-L1 (≥50%) e como tratamento de resgate após quimioterapia para pacientes com alguma expressão de PD-L1 (≥1%), e o próprio carcinoma urotelial metastático após progressão a quimioterapia contendo platina.

Segundo o Dr. Ricardo Carvalho, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “aproximadamente 50% dos pacientes com câncer de bexiga não são elegíveis para cisplatina na primeira linha e, até então, tínhamos no Brasil poucas alternativas para esta população. A aprovação do pembrolizumabe neste cenário representa uma excelente notícia, pois agora teremos mais esta opção de tratamento, com taxas de respostas significativas (e duradouras), e com evidente menor grau de toxicidade quando comparado com os esquemas de quimioterapia disponíveis até então. Em relação aos tumores gástricos, o pembrolizumabe chega como uma nova possibilidade para uma população refratária às melhores estratégias terapêuticas disponíveis até o momento, e que até então possuía opções limitadas de tratamento com alguma eficácia. Importante reforçar que o uso do CPS auxilia na seleção adequada dos pacientes que merecem receber este tratamento pela eficácia superior nesta população”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.

Continue sua leitura

Mais informações e estudos no MOC Tumores Sólidos

Acessar MOC