Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Hepatocarcinoma

Primeiro inibidor de checkpoint é aprovado para o tratamento do carcinoma hepatocelular no Brasil

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 10 de agosto de 2020 o regime combinado de atezolizumabe e bevacizumabe para o tratamento de pacientes portadores de carcinoma hepatocelular irressecável ou metastático sem tratamento sistêmico prévio, conforme os dados do estudo de fase III IMbrave150.

O estudo IMbrave150 randomizou 501 pacientes entre tratamento de primeira linha com a combinação de atezolizumabe e bevacizumabe ou sorafenibe. Ressalta-se que apenas pacientes com escore de Child-Pugh A foram incluídos no estudo e aqueles com varizes esofagianas ou gástricas não tratadas e com risco de sangramento foram excluídos. Com um seguimento mediano de 8,6 meses, o tratamento com atezolizumabe e bevacizumabe reduziu em 42% o risco de morte em comparação ao uso de sorafenibe (HR=0,58; IC de 95%: 0,42-0,79; p < 0,001), objetivo primário do estudo, com taxas de sobrevida aos 12 meses de 67,2% e 54,6%, respectivamente. Adicionalmente, a sobrevida livre de progressão, objetivo co-primário do estudo, também favoreceu no grupo de pacientes tratados com atezolizumabe e bevacizumabe (HR=0,59; IC de 95%: 0,47-0,76; p < 0,001). A taxa de resposta foi superior no braço que recebeu o tratamento combinado, tanto na análise através do RECIST 1.1 (27,3% versus 11,9%) quanto através do RECIST modificado (33,2% versus 13,3%), além de incluir 5,5% de respostas completas no braço tratado com atezolizumabe e bevacizumabe. A taxa de eventos adversos graves foi 38% no braço experimental e 30,8% no braço controle. Os eventos adversos mais frequentes nos pacientes tratados com atezolizumabe e bevacizumabe foram hipertensão arterial, fadiga, proteinúria, elevação de transaminases e prurido.

A análise para a aprovação desse regime no Brasil foi priorizada através da análise de terapias indicadas para doenças raras, devido a incidência inferior a 65 casos em 100 mil habitantes.

A aprovação deste regime é um marco importante para a oncologia gastrointestinal pois estabelece um novo padrão de tratamento de primeira linha no carcinoma hepatocelular. Importante reforçar a necessidade de se realizar endoscopia digestiva alta antes do início deste regime de tratamento, com o objetivo de tratar eventuais varizes de esôfago e assim reduzir o risco de sangramento”, destaca o Dr. Ricardo Carvalho, oncologista clínico da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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