Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Esôfago

ANVISA aprova imunoterápicos para o tratamento do câncer de esôfago avançado

O câncer de esôfago figura como a 6ª neoplasia de maior prevalência na população masculina e 15ª na população feminina no Brasil, quando excluídos os tumores de pele não melanoma. A estimativa para o ano de 2020 é de aproximadamente 11.000 novos casos da doença no país, a uma razão próxima de 3:1 entre homens e mulheres. Quando analisadas essas taxas, em adição a uma taxa de sobrevida em 5 anos < 5% no cenário de doença avançada, o desenvolvimento de novos tratamentos para esse tumor se faz uma necessidade. Diante desse cenário, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) anunciou em 23 de março a aprovação do uso de pembrolizumabe para o tratamento de pacientes com câncer de esôfago localmente avançado e recorrente ou metastático com expressão de PDL-1 positiva (CPS [combined positive score] ≥ 10) após progressão a ≥ 1 linha de tratamento sistêmico.

O racional para a aprovação anunciada se baseia nos resultados do estudo KEYNOTE-181. Nele foram randomizados 628 pacientes em uma distribuição 1:1 para receberem tratamento com pembrolizumabe ou quimioterapia (paclitaxel, docetaxel ou irinotecano). É importante ressaltar que os pacientes com tumores HER-2 positivos necessariamente precisavam de exposição prévia a terapia anti-HER-2. A expressão de PDL-1 no estudo foi avaliada através do anticorpo 22C3 pharmDx. Dentre os pacientes com expressão de PDL-1 positiva, o tratamento com pembrolizumabe foi associado a benefício em sobrevida global em comparação a quimioterapia (HR=0,69; IC de 95%: 0,52-0,93, p = 0,0074), com medianas de 9,3 versus 6,7 meses para o tratamento com pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente. Aqueles que receberam o imunoterápico obtiveram maior taxa de resposta objetiva (22% versus 6%, p = 0,0006), sendo a duração mediana do benefício 9,3 meses com o uso de pembrolizumabe e 7,7 meses no tratamento com quimioterapia.

A análise de segurança demonstrou eventos adversos com o uso de pembrolizumabe semelhantes aqueles demonstrados nas suas demais indicações de tratamento, e estes eventos foram menos pronunciados quando comparamos com os eventos adversos da quimioterapia.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

*Figura criada com BioRender.com

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