Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Colorretal

Panitumumabe é melhor que bevacizumabe quando combinado ao mFOLFOX6 em pacientes com câncer colorretal metastático e RAS selvagem. Resultados do PEAK trial

O tratamento para o câncer colorretal metastático (CCR) melhorou durante a última década com o advento de regimes de quimioterapia mais ativos e de agentes inibidores do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR). No entanto, os benefícios das drogas de alvo molecular (panitumumabe, cetuximabe) estão limitados a pacientes com KRAS e NRAS do tipo selvagem (chamado de RAS selvagem).

O PEAK trial é um recente estudo multicêntrico, de fase II randomizado, que utilizou FOLFOX6 modificado com panitumumabe, 6 mg/kg ou bevacizumabe, 5 mg/kg, uma vez a cada duas semanas, em pacientes com CCR e KRAS selvagem. O objetivo do estudo foi avaliar taxa de resposta, sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP) nos pacientes com qualquer mutação RAS. Considerando os 285 pacientes tratados com KRAS do tipo selvagem, 250 foram testados para outras mutações do RAS, sendo que 51 (23%) dos pacientes tinham mutações em outros éxon do RAS.

Para os pacientes com KRAS selvagem (Tabela 1), os resultados de SLP, desfecho primário, foram semelhantes com panitumumabe ou bevacizumabe (10,9 e 10,2 meses, respectivamente), assim como a taxa de resposta (58 e 54%). Entretanto, a SG favoreceu o panitumumabe (34,2 versus 24,3 meses; HR=0,62; p=0,009).

Tabela 1. Pacientes com KRAS selvagem

 

TR

SLP

SG (HR=0,62; p=0,009)

Panitumumabe

58%

10,9 meses

34,2 meses

Bevacizumabe

54%

10,2 meses

24,3 meses

Abreviações. TR: taxa de resposta; SG: sobrevida global; SLP: sobrevida livre de progressão.

Na análise expandida do RAS (Tabela 2), isto é, após excluir os pacientes com qualquer mutação do KRAS e NRAS, a SLP para o braço panitumumabe foi melhor em comparação ao bevacizumabe (13,0 versus 9,5 meses; HR=0,65; p=0,29), assim como SG (41,3 versus 28,9 meses; HR=0,63; p=0,058).

Tabela 2. Pacientes com RAS selvagem

 

TR

SLP

SG (HR=0,63; p=0,058)

Panitumumabe

63,6%

13 meses

41,3 meses

Bevacizumabe

60,5%

9,5 meses

28,9 meses

Abreviações. TR: taxa de resposta; SG: sobrevida global, SLP: sobrevida livre de progressão.

Estes resultados reforçam os dados que indicam que todas as mutações do RAS devem ser pesquisadas em pacientes com câncer colorretal, uma vez que qualquer mutação RAS indica resistência à terapia anti-EGFR. Os resultados do estudo FIRE-3, que comparou FOLFIRI combinado com bevacizumabe ou cetuximabe em pacientes com KRAS selvagem, indicaram ganho de SG para os pacientes que receberam cetuximabe contra bevacizumabe. Os resultados ficaram ainda melhores em favor do braço do FOLFIRI com cetuximabe, após a exclusão dos pacientes com mutação em qualquer RAS.

O estudo PEAK, apesar de pequeno, demonstrou resultados semelhantes ao estudo com cetuximabe e reforça a importância da pesquisa de mutações além do KRAS nos pacientes com câncer colorretal metastático. Ademais, sugere que em pacientes com RAS selvagem, o uso de terapia antiEGFR em primeira linha parece aumentar a SG.

Referência
Schwartzberg LS, Rivera F, Karthaus M, et al. PEAK: A randomized, multicenter phase II study of panitumumab plus modified fluorouracil, leucovorin, and oxaliplatin (mFOLFOX6) or bevacizumab plus mFOLFOX6 in patients with previously untreated, unresectable, wild-type KRAS exon 2 metastatic colorectal cancer. J Clin Oncol 2014; Epub ahead of print, Apr 21.

Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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