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Nova opção de tratamento para o carcinoma colorretal metastático no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o uso do inibidor oral de multiquinase regorafenibe para o tratamento do câncer colorretal (CCR) metastático em pacientes previamente tratados com quimioterapia baseada em fluoropirimidina, terapia anti-VEGF e terapia anti-EGFR bem como naqueles não considerados candidatos para as terapias disponíveis.
O uso de regorafenibe nesse cenário é baseado no estudo randomizado de fase III CORRECT, que avaliou 760 pacientes com CCR metastático submetidos a tratamento prévio utilizando as terapias-padrão disponíveis (incluindo fluoropirimidina, oxaliplatina, irinotecano bem como terapias anti-VEGF e anti-EGFR quando indicadas), tendo apresentando progressão de doença ou interrupção por toxicidades limitante aos tratamentos prévios. Os pacientes foram randomizados para receber regorafenibe ou placebo, associados a melhor suporte clínico, até progressão de doença ou toxicidade limitante. Na análise interina pré-planejada dos dados, o tratamento com regorafenibe atingiu seu objetivo primário, demonstrando benefício estatisticamente significativo em sobrevida global (HR=0,77; IC de 95%: 0,64-0,94; p=0,0052). A sobrevida livre de progressão, um dos objetivos secundários do estudo, também alcançou benefício estatístico após tratamento com regorafenibe (HR=0,49; IC de 95%: 0,42-0,58; p<0,0001).
No tocante à segurança do tratamento, os principais efeitos adversos associados ao uso de regorafenibe foram fadiga e síndrome mão-pé, geralmente desenvolvidos no início do tratamento (ciclos 1 e 2). A taxa de eventos adversos sérios (graus ≥3) foi de 54% nos pacientes tratados com regorafenibe e 14% nos pacientes tratados com placebo.
Essa indicação de tratamento recém-aprovada no Brasil para regorafenibe complementa as seguintes indicações com aprovações prévias: tratamento de tumores estromais gastrointestinais irressecáveis ou metastáticos (GIST) em pacientes que progrediram ou são intolerantes ao tratamento prévio com imatinibe e sunitinibe; e tratamento do carcinoma hepatocelular (HCC) em pacientes previamente tratados com sorafenibe.
A despeito da nova opção de tratamento, Dr. Fábio Kater, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta: “a indicação de tratamento com regorafenibe se dá para pacientes que outrora não possuíam nenhuma opção terapêutica, preenchendo um espaço sem candidatos no passado. Entretanto, a toxicidade da medicação deve ser ponderada quando da indicação, pois apresenta toxicidades sérias (graus 3-4) não desprezíveis em uma população por vezes já debilitada. Contudo, o benefício existe e seu uso deve ser aplicado na indicação clínica”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida