Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Colorretal

A eficácia do seguimento por CEA e tomografia para detectar recorrência do câncer colorretal

FACS Trial

O screening combinado de tomografia computadorizada (TC) e CEA não melhorou a detecção de recorrência curável no câncer colorretal.

Os pacientes que receberem tratamento para o câncer colorretal loco-regional (CCR) em 2014 terão longa sobrevida. No entanto, a recorrência no estádio II e III do (CCR) continua sendo um grande problema, apesar da melhora da sobrevida com a terapia adjuvante.

Solicitar o antígeno carcinoembriônico (CEA) no sangue após o tratamento curativo para o CCR é recomendável para o screening de doença recorrente, porém a utilidade de um screening mais intensivo, associando a tomografia computadorizada de tórax, abdome e pelve, é controversa.

Um estudo multicêntrico FACS randomizado foi realizado por pesquisadores ingleses, que compararam quatro estratégias de screening em 1.202 pacientes com CCR submetidos à cirurgia curativa.

Além de acompanhamento através de colonoscopia, os pacientes foram submetidos a um dos quatro regimes de screening:

1) TC após 12 a 18 meses;
2) CEA a cada 3 meses por 2 anos, depois a cada 6 meses por 3 anos e uma única tomografia computadorizada após 12 a 18 meses;
3) TC a cada 6 meses por 2 anos, depois anualmente por 3 anos;
4) Solicitar CEA a cada 3 meses por 2 anos, depois a cada 6 meses por 3 anos e TC a cada 6 meses por 2 anos e depois anualmente por 3 anos.

O endpoint primário foi a detecção de doença metastática potencialmente curável com cirurgia.

Ao diagnóstico, aproximadamente 50% dos pacientes apresentaram estádio II e 30%, estádio III.

A maioria dos pacientes (66-72%) tinha CCR em estádio inicial e não recebeu adjuvância. Aproximadamente 40% receberam QT adjuvante.

Após 4,4 anos de seguimento, a estratégia de screening mais intensiva aumentou a porcentagem de pacientes recidivados, com doença potencialmente curativa, de 4,4 para 5,7%, em comparação com o grupo submetido a um screening menos intensivo; nenhum benefício adicional foi obtido através da combinação do CEA e TC de rastreio.

Este estudo, o único randomizado até hoje realizado sobre screening de recorrência potencialmente curável em CCR, sugere que CEA isolado é tão útil quando a combinação de CEA (3/3 meses por 2 anos seguido de 6/6 meses por 3 anos) em combinação com TC a cada 6 meses por 2 anos e depois anualmente por 3 anos. Entretanto, não é possível excluir a possibilidade de que a realização de TC de abdômen a intervalos mais frequentes em combinação com CEA poderia aumentar a taxa de detecção de recorrências potencialmente curáveis.

Referência:
Primrose JN, Perera R, Gray A, et al. Effect of 3 to 5 years of scheduled CEA and CT follow-up to detect recurrence of colorectal cancer: the FACS randomized clinical trial. JAMA 2014;311:263-70.

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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