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Pembrolizumabe é aprovado pela ANVISA para o tratamento de primeira linha do câncer colorretal com instabilidade de microssatélites
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 8 de julho de 2021 o uso de pembrolizumabe no tratamento de primeira linha de pacientes portadores de câncer colorretal metastático com deficiência de mismatch repair ou instabilidade de microssatélites (dMMR/MSI-H).
A aprovação anunciada é baseada no estudo de fase III KEYNOTE-177, cujos resultados atualizados foram apresentados na ASCO 2021. Neste estudo, 307 pacientes sem tratamento sistêmico prévio foram randomizados entre pembrolizumabe ou quimioterapia à escolha do investigador (mFOLFOX6 ou FOLFIRI combinados ou não a bevacizumabe ou cetuximabe). Foi permitido o cross over do braço controle para o braço pembrolizumabe em caso de progressão, e o tratamento com o imunoterápico foi mantido por 35 ciclos na ausência de progressão ou toxicidade limitante.
Com um seguimento mediano de 44,5 meses, o uso de pembrolizumabe foi associado a uma redução de 41% no risco de progressão de doença ou morte em comparação a quimioterapia, com medianas de 16,5 versus 8,2 meses (HR=0,59; IC de 95%: 0,45-0,79), um dos objetivos co-primários do estudo. A taxa de resposta foi superior no braço pembrolizumabe (45,1% versus 33,1%), incluindo 13,1% dos pacientes do braço imunoterapia com respostas completas. A duração mediana de resposta foi 10,6 meses no braço controle e não foi atingida no braço pembrolizumabe, entretanto 83,5% dos pacientes tratados com o anticorpo anti-PD-1 que apresentaram resposta mantiveram o benefício por ≥ 24 meses. Destaca-se que 60,4% dos pacientes do braço quimioterapia receberam um agente anti-PD-1/PDL-1 após a progressão. A sobrevida global mediana não foi alcançada no braço pembrolizumabe e 36,7 meses no braço controle (HR=0,74; IC de 95%: 0,53-1,03; p=0,0359 – não atingiu o nível de significância pré-estabelecido). A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 foi inferior no braço pembrolizumabe (21,6% versus 66,4%).
“Trata-se de um grande marco para que possamos oferecer um cuidado oncológico mais eficaz, seguro e com benefícios mais duradouros para a fração de pacientes com câncer colorretal e deficiência de proteínas de reparo”, completou Dr. Lucas V. dos Santos, oncologista clínico na BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida