Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Gastrintestinal

CÂNCER COLORRETAL – A ineficácia do panitumumabe no câncer colorretal com mutações além do KRAS

Drogas de alvo molecular que atuam no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), a exemplo do panitumumabe e cetuximabe, demonstraram atividade no câncer colorretal avançado e melhoraram a sobrevida quando combinados com quimioterapia (QT). No entanto, o benefício destes fármacos é limitado a tumores com KRAS selvagem. A existência de mutações no KRAS, que estão presentes em pelo menos 40% dos tumores colorretais, tornam os tumores resistentes às terapias anti-EGFR. Além disso, a adição de panitumumabe ou cetuximabe à QT pode piorar os resultados em pacientes com essas mutações.

Um estudo recente¹, testou se a terapia anti-EGFR é influenciada por outras mutações RAS, além da mutação KRAS éxon 2. Os pesquisadores analisaram o impacto de todas as mutações RAS nos pacientes em tratamento com quimioterapia e panitumumabe que foram incluídos no estudo PRIME², um randomizado de fase III.

O status do RAS foi avaliado em 1.060 (90%) dentre 1.183 pacientes, dos quais 512 (48%) não tinham a mutação RAS e 548 (52%) tinham qualquer mutação RAS. , entre esses 548 pacientes com qualquer mutação RAS, 108 (17%) foram previamente considerados como KRAS selvagem.

Entre os 108 pacientes com KRAS selvagem, a sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) foram inferiores quando tratados com panitumumabe mais quimioterapia.

No entanto, quando estes pacientes foram incluídos entre os 548 pacientes com qualquer mutação RAS, a SLP foi significativamente menor com panitumumabe (7,3 versus 8,7 meses, p=0,008), assim como a SG (15,5 versus 18,7 meses, p=0,04).

Os pacientes sem qualquer mutação RAS alcançaram maior SLP com panitumumabe (10,1 versus 7,9 meses, p=0,04) e SG (25,8 versus 20,2 meses, p=0,009).

Esse estudo indica que um número substancial de pacientes com câncer colorretal apresentam mutações RAS, além do KRAS éxon 2. Esses resultados sugerem que talvez seja necessário expandir o teste para avaliar mutações RAS, incluindo mutações menos frequentes.

Referências:
Douillard JY, Oliner KS, Siena S, et al. Panitumumab-FOLFOX4 treatment and RAS mutations in colorectal cancer. N Engl J Med 2013;369:1023-24.

Douillard JY, Siena S, Cassidy J, et al. Randomized, phase III trial of panitumumab with infusional fluorouracil, leucovorin, and oxaliplatin (FOLFOX4) versus FOLFOX4 alone as first-line treatment in patients with previously untreated metastatic colorectal cancer: the PRIME study. J Clin Oncol 2010;28:4697.

Raphael Brandão Moreira
(Médico Residente de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

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