Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Cobertura de congressos

O que muda no MOC após a ESMO 2023

A ESMO Annual Meeting de 2023 foi um congresso repleto de apresentações de estudos com potencial para mudar a prática clínica, seja imediatamente ou em um futuro próximo. A equipe do MOC destaca aqui, mais uma vez, os trabalhos de maior importância para que o leitor se mantenha atualizado diante do grande volume de informações importantes apresentadas neste evento. Aproveite!

CÂNCER DE MAMA

Abstract LBA17

Adjuvant abemaciclib plus endocrine therapy for HR+, HER2-, high-risk early breast cancer: Results from a preplanned monarchE overall survival interim analysis, including 5-year efficacy outcomes

Dados atualizados do estudo monarchE, que avalia o uso de abemaciclibe adjuvante associada a terapia hormonal em pacientes com câncer de mama inicial com expressão de receptores hormonais (RH positivo) HER-2 negativo de risco. Com seguimento mediano de 54 meses, a sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) continua a favorecer o tratamento com abemaciclibe (HR=0,68; IC de 95%: 0,60-0,77), com benefício absoluto de 7,6%, dado que vem apresentando benefício incremental nas análises com maior tempo de seguimento, ressaltando-se que o tratamento com abemaciclibe foi administrado por 2 anos. A avaliação de sobrevida global (SG) ainda permanece imatura.

 

Abstract LBA18

Pembrolizumab or placebo plus chemotherapy followed by pembrolizumab or placebo for early-stage TNBC: Updated EFS results from the phase III KEYNOTE-522 study

 

Abstract LBA21

KEYNOTE-756: Phase III study of neoadjuvant pembrolizumab (pembro) or placebo (pbo) + chemotherapy (chemo), followed by adjuvant pembro or pbo + endocrine therapy (ET) for early-stage high-risk ER+/HER2– breast cancer

 

Abstract LBA20

A randomized, double-blind trial of nivolumab (NIVO) vs placebo (PBO) with neoadjuvant chemotherapy (NACT) followed by adjuvant endocrine therapy (ET) ± NIVO in patients (pts) with high-risk, ER+ HER2− primary breast cancer (BC)

Três diferentes estudos avaliando o uso de imunoterapia no cenário perioperatório do câncer de mama tiveram dados apresentados na ESMO Annual Meeting 2023. Sobre o estudo KEYNOTE-522, tivemos a atualização dos dados do uso de pembrolizumabe neoadjuvante e adjuvante em pacientes com tumores triplo-negativos localizados. Com seguimento mediano de 63,1 meses, o uso de pembrolizumabe no cenário perioperatório confirma o benefício em sobrevida livre de eventos (SLE; HR=0,63; IC de 95%: 0,49-0,81), favorecendo a estratégia independente da obtenção de resposta completa patológica (RCp) ou não.

Já no cenário dos tumores RH positivo HER-2 negativo, os estudos de fase III KEYNOTE-756 e CheckMate 7FL demonstraram pela primeira vez que o uso de pembrolizumabe ou nivolumabe associados a quimioterapia perioperatória resultaram benefício absoluto de 8,5% e 10,5% na taxa de RCp, respectivamente. Trata-se de cenário em investigação no momento e dados após seguimento mais longo são aguardados.

 

Abstract 377O

A pooled analysis of trastuzumab deruxtecan (T-DXd) in patients (pts) with HER2-positive (HER2+) metastatic breast cancer (mBC) with brain metastases (BMs) from DESTINY-Breast (DB) -01, -02, and -03

Análise combinada dos estudos DESTINY-Breast conduzida especificamente em pacientes com tumores HER-2 positivos apresentando metástases cerebrais tratados com trastuzumabe deruxtecana. Importante destacar que o estudo DB01 permitiu apenas a inclusão de pacientes com lesões tratadas, enquanto nos estudos DB02 e DB03 inicialmente também foi permitida a inclusão de pacientes com lesões não tratadas assintomáticas.  A taxa de resposta intracraniana foi em torno de 45% independente do tratamento prévio ou não, com taxas de resposta completa por volta de 16% em ambos os grupos. A análise exploratória de sobrevida livre de progressão (SLP) no sistema nervoso central favoreceu o uso do anticorpo conjugado a droga (ADC) independente do tratamento prévio (HR=0,59; IC de 95%: 0,39-0,89) ou não (HR=0,19; IC de 95%: 0,11-0,35) das lesões.

 

Abstract 376O

Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) versus treatment of physician’s choice (TPC) in patients (pts) with HER2-low unresectable and/or metastatic breast cancer (mBC): Updated survival results of the randomized, phase III DESTINY-Breast04 study

Atualização dos dados do estudo DB04 com seguimento mediano de 32 meses, confirmando o benefício em SLP e SG em favor do tratamento com trastuzumabe deruxtecana, independente do status de RH positivo ou RH negativo.

 

Abstract LBA11

Datopotamab deruxtecan (Dato-DXd) vs chemotherapy in previously-treated inoperable or metastatic hormone receptor-positive, HER2-negative (HR+/HER2–) breast cancer (BC): Primary results from the randomised phase III TROPION-Breast01 trial

 

Abstract 379MO

Datopotamab deruxtecan (Dato-DXd) + durvalumab (D) as first-line (1L) treatment for unresectable locally advanced/metastatic triple-negative breast cancer (a/mTNBC): Updated results from BEGONIA, a phase Ib/II study

Dois diferentes estudos avaliando o ADC datopotamabe deruxtecana no tratamento de pacientes com câncer de mama avançado. No estudo TROPION-Breast01, o ADC foi utilizado no tratamento de pacientes com tumores RH positivo HER-2 negativo previamente tratados com 1-2 linhas de quimioterapia. O uso do ADC demonstrou superioridade na taxa de resposta (36,4% versus 22,9%), benefício em SLP (HR=0,63; IC de 95%: 0,52-0,76; p < 0,0001) e tendência favorável em SG, apesar de dados ainda imaturos. A maioria dos eventos adversos ao tratamento com o ADC foram de baixo grau e manejáveis. Já no estudo BEGONIA, foram apresentados os dados avaliando a combinação do ADC a durvalumabe no tratamento de primeira linha de pacientes com tumores triplo-negativos. A eficácia da combinação foi demonstrada, com taxa de resposta objetiva confirmada de 79%, duração mediana de resposta de 15 meses e SLP mediana de 13,8 meses. Houve 5% de eventos adversos de doença pulmonar intersticial/pneumonite, porém de graus 1-2.

 

TUMORES TORÁCICOS

Abstract LBA56

Overall survival in the KEYNOTE-671 study of perioperative pembrolizumab for early-stage non-small-cell lung cancer (NSCLC)

Apresentação dos dados de SG do estudo KEYNOTE-671 com tempo mediano de seguimento de 36 meses, demonstrando a redução de 28% no risco de morte (HR=0,72; IC de 95%: 0,56-0,93; p=0,00517) em favor do uso de pembrolizumabe perioperatório em combinação a quimioterapia no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) em estádios II-IIIB (N2).

 

Abstract LBA1

CheckMate 77T: Phase III study comparing neoadjuvant nivolumab (NIVO) plus chemotherapy (chemo) vs neoadjuvant placebo plus chemo followed by surgery and adjuvant NIVO or placebo for previously untreated, resectable stage II–IIIb NSCLC

O estudo CheckMate 77T também explorou o tratamento perioperatório com imunoterapia no CPCNP em estádios II-IIIB, demonstrando que o uso de nivolumabe neste cenário reduziu em 42% o risco de eventos em comparação ao braço que recebeu apenas quimioterapia (HR=0,58; IC de 97,36%: 0,41-0,81; p=0,00025).

 

Abstract LBA2

ALINA: Efficacy and safety of adjuvant alectinib versus chemotherapy in patients with early-stage ALK+ non-small cell lung cancer (NSCLC)

O estudo ALINA avaliou o uso de alectinibe adjuvante por 2 anos em comparação a quimioterapia adjuvante em pacientes com CPCNP estádios IB (≥ 4 cm) a IIIA apresentando fusão de ALK. Na avaliação do objetivo primário do estudo, que representou a sobrevida livre de doença (SLD) na população com doença estádios II-IIIA (HR=0,24; IC de 95%: 0,13-0,45; p < 0,0001), bem como na análise da população por intenção de tratamento (HR=0,24; IC de 95%: 0,13-0,43; p < 0,0001), o uso de alectinibe demonstrou superioridade frente ao uso de quimioterapia. Destaque para o impacto do inibidor de ALK na avaliação de SLD no sistema nervoso central (HR=0,22; IC de 95%: 0,08-0,58). Os dados de SG são imaturos.

 

Abstract LBA12

Datopotamab deruxtecan (Dato-DXd) vs docetaxel in previously treated advanced/metastatic (adv/met) non-small cell lung cancer (NSCLC): Results of the randomized phase III study TROPION-Lung01

No estudo TROPION-Lung01, datopotamabe deruxtecana foi comparado a docetaxel em pacientes com CPCNP previamente tratados com quimioterapia e imunoterapia. O estudo atingiu seu objetivo primário ao demonstrar benefício em SLP em favor do ADC (HR=0,75; IC de 95%: 0,62-0,91; p=0,004), além de maior taxa de resposta (26,4% versus 12,8%). Os dados de SG ainda são imaturos. Na avaliação de subgrupos, os pacientes que sugerem apresentar maior benefício são aqueles de histologia não-escamosa apresentando alterações genômicas acionáveis.

 

Abstract LBA4

Randomized phase III study of first-line selpercatinib versus chemotherapy and pembrolizumab in RET fusion-positive NSCLC

O estudo LIBRETTO-431 avaliou o uso de selpercatinibe versus quimioterapia baseada em platina e pembrolizumabe no tratamento de primeira linha de pacientes com CPCNP avançado apresentando fusão de RET. O estudo demonstrou benefício no uso de selpercatinibe em seu objetivo primário de SLP (HR=0,47; IC de 95%: 0,31-0,70; p=0,0002), bem como em taxa de resposta (83% versus 65%), taxa de resposta no sistema nervoso central (82,4% versus 58,3%) e SLP intracraniana (HR=0,26; IC de 95%: 0,11-0,59; p=0,0006).

 

Abstract LBA5

Amivantamab plus chemotherapy vs chemotherapy as first-line treatment in EGFR Exon 20 insertion-mutated advanced non-small cell lung cancer (NSCLC): Primary results from PAPILLON, a randomized phase III global study

O estudo PAPILLON randomizou pacientes com CPCNP avançado apresentando alteração do EGFR do tipo inserção no éxon 20 para receberem tratamento de primeira linha com amivantamabe associado a quimioterapia ou quimioterapia isolada. O estudo demonstrou benefício da combinação nas avaliações de SLP (11,4 versus 6,7 meses; HR=0,40; IC de 95%: 0,30-0,53; p < 0,001), taxa de resposta (73% versus 47%) e SLP2 (HR=0,49; IC de 95%: 0,32-0,76; p=0,001). A avaliação de SG ainda é imatura, porém sugere tendência favorável ao tratamento combinado, mesmo com 66% dos pacientes do braço controle tendo recebido amivantamabe como terapia sequencial após progressão.

 

Abstract LBA14

Amivantamab plus lazertinib vs osimertinib as first-line treatment in patients with EGFR-mutated, advanced non-small cell lung cancer (NSCLC): Primary results from MARIPOSA, a phase III, global, randomized, controlled trial

No estudo MARIPOSA, a combinação de amivantamabe e lazertinibe, além de lazertinibe monoterapia, foram comparados a osimertinibe no tratamento de primeira linha do CPCNP com mutação do EGFR. Com um seguimento mediano de 22,0 meses, o tratamento combinado reduziu em 30% o risco de progressão de doença ou morte em comparação com osimertinibe (HR=0,70; IC de 95%: 0,58-0,85; p < 0,001), demonstrou taxa de resposta de 86% (frente 85% para osimertinibe) e a duração mediana de resposta foi 25,8 versus 16,8 meses, respectivamente. A taxa de eventos adversos relacionados a EGFR e MET foram maiores para o braço que recebeu a combinação, além de destaque para a ocorrência de eventos tromboembólicos (maioria de graus 1-2).

 

Abstract LBA15

Amivantamab plus chemotherapy (with or without lazertinib) vs chemotherapy in EGFR-mutated advanced NSCLC after progression on osimertinib: MARIPOSA-2, a phase III, global, randomized, controlled trial

O estudo MARIPOSA-2 avaliou o uso de amivantamabe associado a quimioterapia combinados ou não a lazertinibe versus quimioterapia em pacientes com CPCNP com mutação de EGFR (Ex19del or L858R) após progressão a osimertinibe. Como resultados, foi demonstrado benefício em SLP para a combinação de amivantamabe e quimioterapia (HR=0,48; IC de 95%: 0,36-0,64; p < 0,001) e amivantamabe + lazertinibe + quimioterapia (HR=0,44; IC de 95%: 0,35-0,56; p < 0,001) em comparação com quimioterapia. A taxa de resposta objetiva foi de 64% para amivantamabe e quimioterapia e 63% para amivantamabe + lazertinibe + quimioterapia versus 36% para quimioterapia (p < 0,001 para ambos). A SLP intracraniana mediana foi de 12,5 meses para amivantamabe e quimioterapia e 12,8 meses para amivantamabe + lazertinibe + quimioterapia versus 8,3 meses para quimioterapia (HR=0,55 e 0,58; p=0,001 e p < 0,001, respectivamente). A avaliação de SG ainda é imatura.

 

Abstract LBA92

Tarlatamab for patients (pts) with previously treated small cell lung cancer (SCLC): Primary analysis of the phase II DeLLphi-301 study

Tarlatamabe, um engajador biespecífico de células T (BiTE), dirigido ao DLL3 em células do câncer de pulmão de células pequenas (CPCP) e ao CD3 em células T, foi avaliado no estudo de fase II DeLLphi-301 em pacientes com doença avançada previamente exposta a quimioterapia baseada em platina (± imunoterapia) e pelo menos uma outra linha de tratamento. Nos pacientes tratados com a dose de 10 mg, a taxa de resposta foi de 40%, a SLP mediana foi 4,9 meses, a SG mediana foi 14,3 meses e 57,5% dos respondedores apresentaram respostas com duração ≥ 6 meses. Naqueles que receberam a dose de 100 mg, a taxa de resposta foi 31,8%, a SLP mediana foi 3,9 meses e a SG mediana não foi atingida. O evento adverso mais comum foi síndrome de liberação de citocinas (51,1% na dose de 10 mg e 60,9% na dose de 100 mg), ocorrendo principalmente no ciclo 1 (mais frequentes de graus 1 ou 2).

 

Abstract LBA98

Efficacy and safety of ramucirumab plus carboplatin and paclitaxel in untreated metastatic thymic carcinoma: RELEVENT phase II trial

O estudo RELEVENT avaliou a atividade e segurança da combinação de ramucirumabe com carboplatina e paclitaxel como tratamento de primeira linha em pacientes com carcinoma tímico avançado sem tratamento sistêmico prévio para este cenário. A taxa de resposta foi de 80% com 100% de controle de doença. Na revisão central de imagens, a taxa de resposta foi de 57,6% e a taxa de controle de doença também foi 100%. Após um seguimento mediano de 31,6 meses, a SLP e a SG mediana foram 18,1 e 43,8 meses, respectivamente. Dos 35 pacientes, 28 (80%) experimentaram pelo menos um evento adverso relacionado ao tratamento, 45,7% foram de graus ≥ 3 (hipertensão arterial em 8,8% e neutropenia em 20% foram os mais comuns).

 

TUMORES GASTRINTESTINAIS

Abstract LBA75

Neoadjuvant chemoradiotherapy followed by surgery versus active surveillance for oesophageal cancer (SANO-trial): A phase-III stepped-wedge cluster randomised trial

No estudo SANO, pacientes com câncer de esôfago apresentando resposta completa clínica (RCc: ausência de doença residual 6 e 12 semanas após quimioirradiação neoadjuvante) foram submetidos a cirurgia padrão ou vigilância ativa (com cirurgia somente se detecção de progressão locorregional). A SG no braço de vigilância ativa foi não-inferior à cirurgia padrão (HR=0,88). Durante a vigilância ativa, 69 pacientes (35%) mantiveram RCc, 96 (48%) desenvolveram progressão locorregional e 33 (17%) apresentaram metástases à distância. Os desfechos cirúrgicos (taxa de R1 e mortalidade pós-operatória de 90 dias) foram semelhantes entre os braços. A SLD mediana foi 35 meses com vigilância ativa e 49 meses para cirurgia padrão (p=0,15). Após 30 meses do tratamento com quimioirradiação neoadjuvante, 43% dos pacientes na vigilância ativa versus 34% naqueles de cirurgia padrão desenvolveram metástases à distância (p=0,18). A qualidade de vida foi significativamente melhor aos 6 (p=0,002) e 9 meses (p=0,007) para vigilância ativa.

 

Abstract 1511O

Pembrolizumab plus trastuzumab and chemotherapy for HER2+ metastatic gastric or gastroesophageal junction (mG/GEJ) adenocarcinoma: Survival results from the phase III, randomized, double-blind, placebo-controlled KEYNOTE-811 study

O estudo de fase III KEYNOTE-811 avalia a combinação de pembrolizumabe, trastuzumabe e quimioterapia versus placebo, trastuzumabe e quimioterapia como tratamento de primeira linha para pacientes com adenocarcinoma gástrico ou da junção gastroesofágica (JGE) HER-2 positivo. Na análise interina apresentada, o tratamento combinado com imunoterapia e trastuzumabe foi associado a benefício de SLP (HR=0,72; IC de 95%: 0,60-0,87; p=0,0002). Em pacientes com PD-L1 CPS ≥ 1, a SLP mediana foi de 10,8 versus 7,2 meses (HR=0,70; IC de 95%: 0,58-0,85). A taxa de resposta foi de 72,6% versus 59,8% em favor do regime combinado com o imunoterápico (73,2% versus 58,4% na população PD-L1 CPS ≥1).

 

Abstract LBA73

Pathological complete response (pCR) to durvalumab plus 5-fluorouracil, leucovorin, oxaliplatin and docetaxel (FLOT) in resectable gastric and gastroesophageal junction cancer (GC/GEJC): Interim results of the global, phase III MATTERHORN study

O estudo de fase III MATTERHORN avaliou o uso de perioperatório de durvalumabe com FLOT em participantes com câncer gástrico ou da JGE ressecável. A adição de durvalumabe ao regime foi associada a benefício em RCp (19% versus 7%) e taxa de downstaging (27% versus 14%). As taxas de cirurgia e ressecção R0 foram semelhantes.

 

Abstract LBA74

Pembrolizumab plus chemotherapy vs chemotherapy as neoadjuvant and adjuvant therapy in locally-advanced gastric and gastroesophageal junction cancer: The phase III KEYNOTE-585 study

O estudo de fase III KEYNOTE-585 avaliou pembrolizumabe ou placebo perioperatórios em combinação a quimioterapia no manejo de pacientes com câncer gástrico ou da JGE localmente avançado e ressecável. A taxa de RCp foi superior com o imunoterápico (12,9% versus 2,0%), bem como a SLE (medianas de 44,4 versus 25,3 meses; HR=0,81; IC de 95%: 0,67-0,99; p=0,0198), apesar desta última ainda não atingir significância estatística.

 

Abstract LBA83

Neoadjuvant chemotherapy with FOLFIRINOX versus neoadjuvant gemcitabine-based chemoradiotherapy for borderline resectable and resectable pancreatic cancer (PREOPANC-2): A multicenter randomized controlled trial

No estudo PREOPANC-2, após um seguimento mediano de 41,7 meses, a SG mediana foi de 21,9 meses no braço que recebeu tratamento neoadjuvante com FOLFIRINOX e 21,3 meses no braço de quimioirradiação com gencitabina (HR=0,87; IC de 95%: 0,68-1,12, p=0,28). Não houve diferença nas taxas de ressecção (p=0,69), bem como nas taxas de eventos adversos graves (p=0,26).

 

Abstract 95MO

Tinengotinib in patients with advanced, fibroblast growth factor receptor (FGFR) inhibitor refractory/relapsed cholangiocarcinoma

Tinengotinibe, um novo inibidor potente de FGFR, foi avaliado no tratamento de 73 pacientes com colangiocarcinoma avançado. A taxa de resposta e taxa de controle de doença foram de 20,7% e 75,9%, respectivamente. Pacientes com alteração FGFR2 que receberam um inibidor de FGFR anteriormente tiveram taxa de resposta de 34% e taxa de controle de doença de 89,7%. Um estudo de fase III global está planejado para avaliar melhor a eficácia e segurança do tinengotinibe.

 

Abstract LBA10

Sotorasib plus panitumumab versus standard-of-care for chemorefractory KRAS G12C-mutated metastatic colorectal cancer (mCRC): CodeBreak 300 phase III study

No estudo CodeBreak 300, sotorasibe foi avaliado em duas doses diferentes em combinação panitumumabe versus tratamento padrão (TAS-102 ou regorafenibe) para pacientes com câncer colorretal avançado apresentando mutação de KRAS G12C. Os braços de sotorasibe + panitumumabe demonstraram SLP estatisticamente superior em comparação com o tratamento padrão (960 mg: HR=0,49; IC de 95%: 0,30-0,80; p=0,006; 240 mg: HR=0,58; IC de 95%: 0,36-0,93; p=0,03). A taxa de resposta também foi superior nos braços combinados, com destaque para aquele com a maior dose de sotorasibe (26,4%). A SG ainda é imatura. Eventos adversos relacionados ao tratamento de graus ≥ 3 que ocorreram em ≥ 5% dos pacientes foram dermatite acneiforme (11,3%), hipomagnesemia (5,7%) e rash cutâneo (5,7%) para a dose 960 mg e hipomagnesemia (7,5%) e diarreia (5,7%) para a dose de 240 mg.

 

Abstract LBA29

Aspirin after standard adjuvant therapy for colorectal cancers (ASCOLT): An international, phase III, randomised, placebo-controlled trial

O estudo de fase III ASCOLT demonstrou que o uso de aspirina por 3 anos após tratamento adjuvante para o câncer colorretal não demonstrou benefício em SLP nem SG.

 

TUMORES GINECOLÓGICOS

Abstract LBA8

A randomised phase III trial of induction chemotherapy followed by chemoradiation compared with chemoradiation alone in locally advanced cervical cancer: The GCIG INTERLACE trial

O estudo INTERLACE avaliou o papel de quimioterapia de indução com carboplatina e paclitaxel por 6 semanas seguido de quimioirradiação com cisplatina em pacientes com câncer de colo uterino localmente avançado. Após um seguimento mediano de 64 meses, o tratamento de indução demonstrou benefício em SLP (HR=0,65; IC de 95%: 0,46-0,91; p=0,013) e SG (HR=0,61; IC de 95%: 0,40-0,91; p=0,04) frente a quimioirradiação isolada.

 

Abstract LBA38

Pembrolizumab plus chemoradiotherapy for high-risk locally advanced cervical cancer: A randomized, double-blind, phase III ENGOT-cx11/GOG-3047/KEYNOTE-A18 study

No estudo KEYNOTE-A18, pembrolizumabe foi adicionado ao protocolo de quimioirradiação de pacientes com câncer de colo uterino localmente avançado de alto risco e mantido por 15 ciclos adicionais. A adição do imunoterápico resultou em benefício na SLP (HR=0,70; IC de 95%: 0,55-0,89; p=0,0020), porém ainda sem diferença significativa na SG.

 

Abstract LBA9

innovaTV 301/ENGOT-cx12/GOG-3057: A global, randomized, open-label, phase III study of tisotumab vedotin vs investigator’s choice of chemotherapy in 2L or 3L recurrent or metastatic cervical cancer

O ADC tisotumabe vedotina foi comparado a quimioterapia a escolha do investigador em pacientes com câncer de colo uterino avançado refratário neste estudo. O tratamento com o ADC foi associado a benefício em SLP (HR=0,67; IC de 95%: 0,54-0,82; p < 0,0001), taxa de resposta (17,8% versus 5,2%) e SG (HR=0,70; IC de 95%: 0,54-0,89; p=0,0038) frente ao uso de quimioterapia. A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 no braço experimental foi 29,2%, destacando-se as toxicidades oculares, neuropatia periférica e sangramentos.

 

Abstract LBA41

Durvalumab (durva) plus carboplatin/paclitaxel (CP) followed by maintenance (mtx) durva ± olaparib (ola) as a first-line (1L) treatment for newly diagnosed advanced or recurrent endometrial cancer (EC): Results from the phase III DUO-E/GOG-3041/ENGOT-EN10 trial

O estudo DUO-E avaliou a combinação de durvalumabe +/- olaparibe ao tratamento quimioterápico do câncer de endométrio avançado em primeira linha. Como resultados, o tratamento combinado com o imunoterápico e o inibidor da PARP resultou em benefício em SLP (HR=0,55; IC de 95%: 0,43-0,69; p < 0,0001) e SG (HR=0,55; IC de 95%: 0,43-0,69; p < 0,0001) frente o uso de quimioterapia isolada.

 

TUMORES GENITURINÁRIOS

Abstract LBA13

Phase III trial of [177Lu]Lu-PSMA-617 in taxane-naive patients with metastatic castration-resistant prostate cancer (PSMAfore)

O estudo de fase III PSMAfore avaliou o uso de lutécio-PSMA em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração não expostos a quimioterapia com taxanos. Como resultado, o estudo demonstrou benefício na SLP radiográfica (HR=0,43; IC de 95%: 0,33-0,54), taxa de resposta (50,7% versus 14,9%) e qualidade de vida em favor do radiofármaco quando comparado a mudança do novo agente hormonal.

 

Abstract 2359O

Phase III THOR study: Results of erdafitinib (erda) vs pembrolizumab (pembro) in pretreated patients (pts) with advanced or metastatic urothelial cancer (muc) with select fibroblast growth factor receptor alterations (FGFRalt)

Nesta atualização do estudo THOR, foram apresentados os dados comparativos entre erdafinitibe e pembrolizumabe no tratamento do carcinoma urotelial avançado refratário a quimioterapia. O estudo foi negativo para o objetivo primário de SG (HR=1,18; IC de 95%: 0,92-1,51; p=0,18), apesar da maior taxa de resposta no braço que recebeu erdafitinibe (40% versus 21,6%).

 

Abstract LBA6

EV-302/KEYNOTE-A39: Open-label, randomized phase III study of enfortumab vedotin in combination with pembrolizumab (EV+P) vs chemotherapy (Chemo) in previously untreated locally advanced metastatic urothelial carcinoma (la/mUC)

No estudo EV-302, enfortumabe vedotina associado a pembrolizumabe foi comparado a quimioterapia baseada em platina no tratamento de primeira linha do carcinoma urotelial avançado. O tratamento com o regime contendo o ADC foi associado a benefício em taxa de resposta (67,7% versus 44,4%), SLP (HR=0,45; IC de 95%: 0,38-0,54; p < 0,0001) e SG (HR=0,47; IC de 95%: 0,38-0,58; p < 0,0001).

 

Abstract LBA7

Nivolumab plus gemcitabine-cisplatin versus gemcitabine-cisplatin alone for previously untreated unresectable or metastatic urothelial carcinoma: Results from the phase III CheckMate 901 trial

O estudo CheckMate 901 avaliou a combinação de nivolumabe a gencitabina e cisplatina no tratamento de primeira linha do carcinoma urotelial avançado. A adição do imunoterápico resultou em superioridade na SLP (HR=0,72; IC de 95%: 0,59-0,88; p=0,0012) e SG (HR=0,78; IC de 95%: 0,63-0,96; p=0,0171) em comparação ao uso de gencitabina e cisplatina.

 

TUMORES DE CABEÇA E PESCOÇO

Abstract LBA3

Randomized phase III study of selpercatinib versus cabozantinib or vandetanib in advanced, kinase inhibitor-naïve, RET-mutant medullary thyroid cancer

Estudo de fase III avaliando selpercatinibe em comparação a outros inibidores da tirosina quinase (cabozantinibe ou vandetanibe) no tratamento do câncer medular de tireoide com mutação de RET. O estudo demonstrou que o uso de selpercatinibe foi associado a benefícios importantes em SLP (HR=0,28; IC de 95%: 0,16-0,48; p<0,001), taxa de resposta (69,4 versus 38,8%) e SG (HR=0,37; IC de 95%: 0,15-0,95), apesar dos dados ainda imaturos para este último desfecho.

 

SARCOMAS E MELANOMA

Abstract 1913O

A randomised, multicenter phase-III study comparing doxorubicin (dox) alone versus dox with trabectedin (trab) followed by trab in non-progressive patients (pts) as first-line therapy, in pts with metastatic or unresectable leiomyosarcoma (LMS): Final results of the LMS-04 study

Os resultados finais do estudo LMS-04 demonstram que o tratamento com a associação de doxorrubicina e trabectidina, seguido de trabectidina de manutenção, foi associado a benefício na SLP (HR=0,37; IC de 95%: 0,26-0,53; p < 0,0001) e SG (HR=0,65; IC de 95%: 0,44-0,95; p=0,0253), frente ao uso de doxorrubicina isolada no tratamento de primeira linha de pacientes com leiomiossarcoma localmente avançado e metastático.

 

Abstract 1086MO

Lifileucel tumor-infiltrating lymphocyte (TIL) cell therapy in patients (pts) with advanced mucosal melanoma after progression on immune checkpoint inhibitors (ICI): Results from the phase II C-144-01 study

Lifileucel, uma terapia com tumor-infiltrating lymphocyte (TIL), foi avaliada em pacientes com melanoma de mucosa após progressão à imunoterapia neste estudo de fase II. A taxa de resposta foi 50%, com duração mediana de resposta não atingida após seguimento mediano de 35,7 meses, destacando a terapia como promissora neste cenário de refratariedade.

 

Abstract LBA50

Three-year survival with tebentafusp in previously untreated metastatic uveal melanoma in a phase III trial

Os dados do estudo de fase III com imunoterápico biespecífico tebentafuspe para o tratamento do melanoma uveal metastático foram atualizados na ESMO 2023. A taxa de resposta continua a favorecer tebentafuspe (11% versus 5%) frente à terapia de escolha do investigador (incluindo pembrolizumabe, ipilimumabe ou dacarbazina), bem como a SLP (HR=0,76; IC de 95%: 0,60-0,97) e a SG (HR=0,68; IC de 95%: 0,54-0,87).

 

TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Abstract 498O:

INDIGO: A global, randomized, double-blinded, phase 3 study of vorasidenib versus placebo in patients with residual or recurrent grade 2 glioma with an IDH1/2 mutation

Trata-se da segunda análise interina do estudo INDIGO, que foi parte da sessão plenária da ASCO Annual Meeting 2023. Como lembrança, este é um estudo avaliando o tratamento com vorasidenibe, um inibidor de IDH1/2, em pacientes com oligodendroglioma ou astrocitoma grau 2 residual ou recidivado com mutação de IDH e sem tratamento prévio em comparação a placebo. Dados atualizados confirmam o benefício do estudo para seu desfecho primário, demonstrando benefício em SLP (medianas de 27,7 versus 11,1 meses; HR=0,39; IC de 95%: 0,27-0,56; p < 0,0001), além também de benefício em tempo para próxima intervenção (HR=0,26; IC de 95%: 0,15-0,43; p < 0,0001) em favor do uso de vorasidenibe. No tocante à segurança, os resultados sugerem que o tratamento foi bem tolerado, apesar da maior taxa de eventos adversos em comparação a placebo, incluindo maior taxa de convulsões (4,2% versus 2,5%).

 

Abstract 507MO:

REGOMA-OS: a large Italian multicenter, prospective, observational study analyzing regorafenib efficacy and safety in recurrent glioblastoma patients.

Neste estudo com dados de mundo real, avaliando o uso de regorafenibe em pacientes com glioblastoma recidivado após protocolo de quimioirradiação, o grupo italiano demonstrou desfechos de eficácia bastante semelhantes ao estudo randomizado REGOMA, com SG mediana de 7,9 meses e SLP mediana de 2,6 meses. A segurança do tratamento foi também um destaque dentre os dados apresentados, com taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 de 22,6% (frente a 56% no estudo REGOMA) e taxa de eventos adversos graves relacionados ao tratamento de 1,6% (5% no estudo REGOMA).

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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