Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Carcinoma Urotelial

Imunoterapia é aprovada nos EUA para o tratamento adjuvante do carcinoma urotelial

O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em            19 de agosto de 2021 o uso do agente anti-PD-1 nivolumabe para o tratamento adjuvante de pacientes portadores de carcinoma urotelial com alto risco de recidiva após ressecção cirúrgica. Trata-se da primeira aprovação pela agência de uma terapia para o tratamento adjuvante do carcinoma urotelial de alto risco.

A atividade e segurança de nivolumabe neste cenário foi avaliado no estudo CHECKMATE-274, que randomizou 709 pacientes portadores de carcinoma urotelial de bexiga ou do trato urinário superior completamente ressecados cirurgicamente com alto risco de recorrência entre nivolumabe ou placebo por 1 ano. Foram definidos como alto risco de recorrência, os tumores apresentando estádio patológico pT3, pT4 ou pN+ em pacientes não tratados com quimioterapia neoadjuvante e que não eram candidatos ou recusaram quimioterapia adjuvante baseada em cisplatina, e aqueles com estádio patológico ypT2-4a ou ypN+ após quimioterapia neoadjuvante com cisplatina. O objetivo primário do estudo foi a sobrevida livre de doença (SLD) na população por intenção de tratamento (ITT) e naqueles com tumores expressando PDL-1 ≥ 1%. Foram incluídos no estudo cerca de 20% de pacientes com tumores do trato urinário superior, aproximadamente 40% da população apresentava PDL-1 ≥ 1% e próximo a 60% dos pacientes não havia recebido quimioterapia neoadjuvante.

Na população ITT, a SLD mediana foi 20,8 meses com nivolumabe e 10,8 meses com placebo (HR=0,70; IC de 95%: 0,57-0,86; p=0,0008). Já naqueles com tumores PDL-1 ≥ 1%, a SLD mediana não foi alcançada no braço nivolumabe e foi 8,4 no braço placebo (HR=0,55; IC de 95%: 0,39-077; p=0,0005). Os dados de sobrevida global ainda não são maduros. A taxa eventos adversos relacionados ao tratamento de graus ≥ 3 foi 17,9% nos pacientes tratados com nivolumabe, destacando-se como as toxicidades mais frequentes desta graduação a elevação dos níveis de lipase e amilase, além de diarreia, colite e pneumonite.

Os agentes imunoterápicos representam uma importante classe de medicamentos no tratamento do carcinoma urotelial, com atividade demonstrada desde a doença inicial não-invasiva refratária a BCG até a doença avançada, seja como estratégia de manutenção ou resgate após falha a quimioterapia”, destaca o Dr. Daniel Vargas, oncologista do Grupo Oncoclínicas de Brasília-DF.

O grande entusiasmo com o uso desta classe de drogas é no potencial benefício a longo prazo demonstrado por alguns pacientes que apresentam respostas bastante duradouras, o que nos traz uma esperança de que o tratamento com nivolumabe adjuvante possa não apenas retardar a recorrência, mas realmente aumentar as chances de cura dos pacientes, ainda que ainda não tenhamos esta resposta com os dados disponíveis no estudo CheckMate 274. Um outro ponto que deverá ser considerado no futuro é a questão da seleção de pacientes para o emprego do tratamento adjuvante. Diversos estudos têm avaliado o papel da pesquisa de DNA tumoral circulante como um possível biomarcador para a seleção de pacientes candidatos a tratamentos adjuvantes, com dados bastante animadores, porém ainda iniciais”, complementa o Dr. Daniel Vargas.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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