Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Cabeça e Pescoço

Imunoterapia aprovada para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço avançado no Brasil

O câncer de cabeça e pescoço possui alta incidência no Brasil, com estimativa de 14.700 novos casos de câncer da cavidade oral e 7.600 novos casos de câncer de laringe no biênio 2018-2019, sendo o tabagismo e a infecção pelo HPV os principais fatores etológicos relacionados ao desenvolvimento dessa neoplasia. Aumentando as opções de tratamento para pacientes com doença avançada, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe tanto em monoterapia para pacientes com PDL-1 ≥ 1, quanto combinado a quimioterapia com platina e fluorouracil para os demais, no tratamento de primeira linha dos pacientes com doença avançada irressecável, metastática ou recorrente.

A aprovação é baseada no estudo de fase III KEYNOTE-048 que randomizou 882 pacientes com carcinoma escamoso de cabeça e pescoço (orofaringe, cavidade oral, hipofaringe ou laringe) com doença metastática ou recorrente não candidata à terapia definitiva para receberem um dos três regimes de tratamento: pembrolizumabe isolado (braço 1), pembrolizumabe associado a cisplatina ou carboplatina e 5-fluorouracil (braço 2), ou cetuximabe associado ao mesmo regime quimioterápico anterior (braço 3). Os dados do estudo foram atualizados na ASCO 2019, com um seguimento mediano aproximado de 25 meses. A análise de sobrevida global na população total incluída no estudo demonstrou benefício do tratamento com pembrolizumabe + quimioterapia em comparação a cetuximabe + quimioterapia, com medianas de 13,0 versus 10,7 meses, respectivamente (HR=0,77; IC de 95%: 0,63-0,93; p=0,0067). Na população com expressão de PDL-1 ≥ 1, avaliada através do escore proporcional combinado (CPS), o tratamento com pembrolizumabe isolado também foi associado a benefício em sobrevida global quando comparado a cetuximabe + quimioterapia, com medianas de 12,3 meses versus 10,3 meses, respectivamente (HR=0,78; IC de 95%: 0,64-0,96; 0,0171). A comparação entre pembrolizumabe e cetuximabe + quimioterapia foi associada a benefício ainda maior na população com PDL-1 ≥ 20 (HR=0,61; IC de 95%: 0,45-0,83; p=0,0015).

Nas avaliações de segurança do tratamento, os eventos adversos mais frequentes associados a pembrolizumabe isolado foram fadiga, constipação e rash, e no tratamento combinado de pembrolizumabe + quimioterapia foram náusea, fadiga, constipação, vômito, mucosite e inapetência.

O estudo KEYNOTE-048 consagra o uso de imunoterapia para câncer de cabeça e pescoço, que já vinha sendo utilizada há alguns anos em pacientes que falharam a platina. Os dados agora demonstram que os anti-PD-1 também tem papel na primeira linha de tratamento em pacientes com doença recorrente/metastática. Ainda não está claro quem são os pacientes que devem ser tratados com pembrolizumabe monoterapia versus em combinação com quimioterapia. A opção de platina, 5-FU e pembrolizumabe parece ser apropriada para a maioria dos casos, enquanto que a monoterapia talvez deva ser reservada somente para pacientes com alta expressão de PDL-1, com baixo volume de doença, pouco sintomáticos e com progressão não acelerada, visto que as taxas de resposta com pembrolizumabe isolado tendem a ser inferiores aos regimes contendo quimioterapia”, ressalta o Dr. William William, oncologista e diretor médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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