Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Linfomas

Anticorpo anti-CD19 aprovado para o tratamento de linfoma difuso de células B grandes nos EUA

O uso de terapias anti-CD19 apresenta-se como uma área de grande interesse na pesquisa clínica envolvendo o tratamento de neoplasias de células B, particularmente impulsionado pelos resultados demonstrados com o uso de CAR-T anti-CD19. Aumentando as opções terapêuticas nesse cenário, em 31 de julho de 2020, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso do anticorpo monoclonal humanizado anti-CD19 tafasitamab-cxix em combinação a lenalidomida para o tratamento de pacientes portadores de linfoma não Hodgkin difuso de células B grandes (LDCBG) recidivado ou refratário em casos não elegíveis para transplante de medula óssea autólogo.

A aprovação do anticorpo é baseada nos dados de eficácia do estudo de fase II com braço único L-MIND que avaliou o tratamento de 81 pacientes com o regime de tafasitamab-cxix (12 mg/kg, intravenoso) associado a lenalidomida (25 mg, via oral, por 21 dias a cada 4 semanas) por até 12 ciclos, seguido de monoterapia com o anticorpo anti-CD19. Após um seguimento mediano de 13,2 meses, a taxa de resposta ao regime combinado foi 60%, incluindo 43% de respostas completas, e a duração mediana de resposta foi 21,7 meses. Dentre os pacientes com respostas completas, apenas 9% apresentaram progressão na presente análise dos dados. A sobrevida livre de progressão mediana na população total foi 12,1 meses, e a sobrevida global mediana ainda não foi atingida, entretanto 74% e 64% dos pacientes apresentaram sobrevida ≥ 12 e ≥ 18 meses, respectivamente. Destaca-se que em análise post-hoc a droga demonstrou eficácia mesmo em pacientes apresentando translocação c-MYC, alteração classicamente associada a pior prognóstico. No tocante à segurança, a taxa de eventos adversos graves foi 51%, sendo os mais frequentes pneumonia (6%), neutropenia febril (6%), embolia pulmonar (4%), bronquite (2%), fibrilação atrial (2%) e insuficiência cardíaca congestiva (2%).

Conforme destaca o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “esse dado é interessante pela coorte de pacientes com LDCBG mais refratário apresentar sobrevida longa com a combinação de lenalidomida e tafasitamab, principalmente dentre aqueles que obtiveram respostas completas. A lenalidomida tem atividade no LDCBG, e a combinação com o anticorpo anti-CD19 parece ser complementar ou até sinérgica. O tafasitamab possui uma modificação na sua porção Fc que aumenta a sua toxicidade direta contra as células linfomatosas. Essa combinação será uma importante opção para os pacientes com LDCBG recidivado/refratário que não são elegíveis às terapias mais intensas como o transplante autólogo de medula óssea”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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