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O papel do nivolumabe no tratamento adjuvante do melanoma
O tratamento primordial na busca da cura do melanoma inicia-se com a excisão cirúrgica da lesão na grande maioria dos casos. Entretanto, ao avaliar características específicas de cada lesão, é possível analisar que o risco de recorrência da doença (em geral, à distância), é alto em uma grande parcela daqueles operados, particularmente nos pacientes com comprometimento linfonodal (estádio III).
O uso de interferon foi por muito tempo a única terapia adjuvante capaz de demonstrar resultados positivos na redução do risco de recorrência da doença (HR da ordem de 0,90). Entretanto, além do benefício ser modesto, a toxicidade era elevada.
Com o advento de terapias mais modernas, como os inibidores de checkpoint imunológicos, o tratamento adjuvante do melanoma ganhou uma nova opção com os dados do uso de ipilimumabe, o qual demonstrou reduzir em quase um terço o risco de morte, quando utilizado na dose de 10 mg/kg, em comparação ao uso de placebo. Entretanto, novamente a segurança do tratamento demonstrava-se como um ponto fraco na escolha dessa terapia, dado que cerca de metade dos pacientes necessitavam suspensão da sua utilização por efeitos adversos.
A partir desse cenário, o uso de nivolumabe foi avaliado em um estudo randomizado em comparação com a terapia-padrão até o momento (ipilimumabe). Os resultados do estudo fase III CheckMate 238, demonstram que o uso de nivolumabe resultou em redução relativa de 34% no risco de recorrência de doença em comparação ao tratamento ativo com ipilimumabe, associado também a menor taxa de eventos adversos sérios relacionados ao tratamento (14,4% versus 45,9% de graus ≥3) e menor taxa de suspensão do tratamento por toxicidade (9,7% versus 42,6%). “Se nivolumabe tivesse sido comparado com placebo e não com ipilimumabe, a redução de risco teria sido ainda maior, da ordem de 50%, um ganho sem precedência no tratamento adjuvante do melanoma”, diz Dr Buzaid, Diretor Médico Geral do Centro de Oncologia da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo e Membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
A partir dos ganhos expressivos em eficácia e menor toxicidade, o tratamento adjuvante do melanoma no Brasil com nivolumabe foi aprovado no dia 25 de março de 2019 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), possibilitando assim maiores chances de cura e menores riscos associados ao tratamento para os pacientes.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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