Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Diversos

Highlights SGO 2016

Algumas das principais novidades apresentadas no Congresso Anual da Sociedade Americana de Ginecologia Oncológica que aconteceu entre 22 e 29 de março de 2016.

GOG 252

Estudo com 1.560 pacientes que realizou a comparação entre quimioterapia adjuvante intraperitoneal e quimioterapia dose densa em pacientes com câncer de ovário epitelial em estádios II e III com citorredução ótima.

Ao contrário do estudo GOG 172, todos os braços incluíram o uso de bevacizumabe na randomização.

Os braços do estudo foram:

O bevacizumabe foi mantido em manutenção até o ciclo 22. A SLP foi respectivamente 26,8 m, 28,7 m e 27,8 m, sem diferença entre os braços. Náuseas e vômitos G3 foram maiores no grupo 3 (1: 5,1%; 2: 4,7%; 3: 11,2%).

Esse estudo não mostrou superioridadade da quimioterapia IP. Sua potencial utilidade deve ser avaliada futuramente, dada toxicidade e difícil logística de realização.

1. SAR 3007 – Eficácia de trabectidina ou dacarbazina no tratamento de leiomiosarcoma uterino após quimioterapia prévia

Subanálise de estudo de fase III com 232 pacientes com leiomiossarcoma uterino avançado ou liposarcoma que progrediram após primeira linha foram randomizadas em proporção 2:1 para receberem respectivamente trabectidina ou dacarbazina.

As pacientes com leiomiosarcoma uterino corresponderam a 40,2% da população.

O número de ciclos foi o dobro no grupo trabectidina, com maior proporção de pacientes que receberam mais de seis ciclos (trabectidina 39,3% versus dacarbazina 18,5%).

Foi observado aumento de resposta parcial em favor da trabectidina (11 versus 9% no grupo dacarbazina). Também observou-se aumento de SLP em favor do braço trabectidina em comparação ao braço dacarbazina (4,2 versus 1,5 m; HR=0,576; p=0,0012). Não houve diferença em SG (trabectidina: 13,4 m versus dacarbazina: 12,9 m).

2. Análise de mutações nos genes de recombinação homóloga e resposta ao tratamento

O estudo do GOG 218 avaliou a combinação de bevacizumabe associado a carboplatina e paclitaxel em câncer de ovário avançado em primeira linha com manutenção de bevacizumabe. Na SGO foi apresentada análise desse estudo, com avaliação de mutação de genes associados ao reparo do DNA por recombinação homóloga (HR) e a resposta ao tratamento. Os genes foram subdivididos em BRCA1, BRAC2 e outros.

A prevalência de todas as mutações nos tumores serosos de alto grau foi de 27%.

A SLP e SG nos diferentes grupos foram maiores para o mutações no BRCA2 (21,6 m e 75,2 m) quando comparados ao BRCA1 (15,7 m e 55,3 m), mutações não-BRCA (16 m e 56 m) e ausência de mutação (12,6 m e 42,1 m).

Conclui-se com esse estudo que o status da mutação é um fator prognóstico no câncer de ovário.

3. Personalização de biomarcadores de DNA circulante são preditores de resposta ao tratamento e de sobrevida em tumores ginecológicos

A mensuração de DNA tumoral circulante (ctDNA) ou as chamadas biópsias líquidas, representam uma emergente tecnologia capaz de possibilitar a compreensão do comportamento tumoral e do volume de doença.

Em estudo com 44 pacientes (27 carcinoma seroso de alto grau de ovário e 17 com câncer uterino de alto grau), amostras tumorais e séricas foram obtidas no momento da cirurgia e durante o tratamento. Mutações tumor-específicas foram identificadas em 36 pacientes. As ctDNA foram detectadas em 93,8% dos pacientes, com sensibilidade e especificidade altamente relacionadas com níveis de CA 125 e imagens por tomografia. As ctDNA foram preditoras de recidiva tumoral em 6 pacientes sem alterações em imagens. Níves indetectáveis de ctDNA após término do tratamento primário foram associadas com aumento de SLP (p=0,048) e SG (=0,0194).

Este trabalho mostra a possibilidade de seguimento e avaliação precoce de recidivas pelo uso de ctDNA em pacientes com tumores ginecológicos.

4. Mutação no gene CTNNB1 (beta catenin) em tumores endometriais G1 e G2 identificam subgrupo de risco alto

Os tumores endometriais G1 e G2 habitualmente encontram-se na classificação de tumores de risco baixo e menor taxa de recidiva.

Estudo com 343 pacientes com câncer endometrial mostrou a mutação no éxon 3 do gene CTNNB1 em 17% da população. Dentre os pacientes com G1 ou G2, a presença de mutação do gene CTNNB1 mostrou maior risco de recorrência (44 versus 25%; p=0,017) e pior SLR (6,1 versus 11,3 anos; p=0,039).

Esse é mais um possível biomarcador que poderá ser incorporado à avaliação de risco dos tumores endometriais e poderá ser útil na decisão de adjuvância.

5. Linfonodo sentinela versus linfadenectomia pélvica para câncer cervical precoce

Estudo que incluiu 1.193 pacientes com câncer cervical estádio IA/IB com linfonodos negativos após cirurgia. Incluídos 1.103 pacientes no grupo de linfadenectomia pélvica (LP) e 90 no grupo de linfonodo sentinela (LS). Não houve diferença em sobrevida livre de recorrência em 5 anos (LP: 92%, LS: 93%). Apesar do número pequeno no grupo LS este apresentou menor morbidade cirúrgica, sem diferença em sobrevida.

Graziela Zibetti Dal Molin
Oncologista Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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