Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Próstata

Estudo recente sugere benefício de prostatectomia radical em pacientes com câncer de próstata metastático com baixo volume de doença óssea

Atualmente o tratamento padrão para o câncer de próstata metastático é baseado no uso de terapias sistêmicas, contrastando com o manejo de poucas neoplasias sólidas como o câncer de rim e alguns casos de adenocarcinoma de cólon, onde a cirurgia citorredutora desempenha papel importante. Com base nesse raciocínio, questiou-se a possibilidade de tratamento do câncer de próstata metastático, cenário oligometastático, com a prostatectomia radical.

Foi publicado recentemente na revista Journal of Urology por Heidenreich et al. um estudo caso-controle, que avaliou a prostatectomia radical em pacientes com câncer de próstata metastático. O grupo 1 era constituído de 23 pacientes com câncer de próstata com metástases ósseas de baixo volume (≤ 3 pontos na cintilografia óssea), ausência de metástase linfonodal e visceral. O grupo 2 (controle) era formado por 38 homens portadores de câncer de próstata com metástases ósseas de baixo volume. Todos os pacientes utilizaram análogo de GnRH de maneira neoadjuvante e só seriam submetidos à prostatectomia radical caso o PSA atingisse valor inferior a 0,4 ng/mL e as lesões ósseas desaparecessem em cintilografia óssea subsequente. Em adição, os pacientes ainda eram submetidos a 24 meses de terapia de privação androgênica adjuvante.

O tempo de resistência à castração, sobrevida global e câncer especifica foram os desfechos do estudo. Os resultados encontrados foram:

  • Tempo mediano de resistência a castração foi de 40 meses e 29 meses nos grupos 1 e 2, respectivamente (p<0,04).
  • Sobrevida livre de progressão foi de 38,6 versus 26,5 meses; p<0,03 a favor do grupo 1.
  • Sobrevida câncer específica também favoreceu o grupo 1 (95,6 versus 84,2%; p<0,05).
  • Após seguimento de 29 meses, o estudo demonstrou que apenas 3 pacientes (17%) apresentaram recidiva bioquímica.

Os autores concluem que a prostatectomia radical em câncer de próstata metastático é viável em pacientes bem selecionados. Homens com longa expectativa de vida, baixo volume de doença óssea, ausência de doença visceral e que responderam ao tratamento neoadjuvante com terapia de privação hormonal podem se beneficiar da prostatectoma radical no cenário metastático.

Referência:
Heidenreich A, Pfister D, Porres D, et al. Cytoreductive radical prostatectomy in patients with prostate cancer and low volume skeletal metastases: results of a feasibility and case-control study. J Urol 193:832, 2015.

Nilo Jorge Leão Barretto
Residente de Urologia da Universidade de São Paulo (FMRP).

Nilo César Leão Barretto
Professor de Urologia da Universidade Federal da Bahia. Chefe do Serviço de Urologia do Hospital Santo Antônio (OSID).

Continue sua leitura

Mais informações e estudos no MOC Tumores Sólidos

Acessar MOC

Seja o primeiro a saber das novidades, cursos e novos manuais que serão lançados.

Cadastre-se abaixo para ter acesso:

Seu e-mail
Sua área de atuação

Sobre quais áreas você tem interesse de receber conteúdos?