Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Pulmão

Radioterapia estereotáxica ablativa versus cirurgia para pacientes com neoplasia de pulmão do tipo células não pequenas, estádio I, operáveis. Análise de dois estudos randomizados

Atualmente, a lobectomia com dissecção mediastinal linfonodal ou amostragem é o tratamento padrão para neoplasia de pulmão de células não pequenas, estádio inicial. Porém, com a evolução da tecnologia, a radioterapia estereotáxica ablativa (SBRT) tem sido utilizada como alternativa ao tratamento padrão, com taxas de controle local superiores a 90%, pois atualmente é possível agredir o tumor com doses ablativas, poupando estruturas normais próximas do dano induzido pela radiação.

Análises populacionais demonstram que não há diferença em sobrevida global ao comparar os dois tratamentos. Até o momento, três estudos randomizados, de fase III (ROSEL trial, STARS trial e ACOSOG Z4099 trial), propuseram-se a comparar ambas as modalidades de tratamento, porém foram fechados precocemente devido baixo recrutamento.

Foi publicada, na edição on-line de maio de 2015 da Lancet Oncology, a análise unificada dos resultados do STARS trial e do ROSEL trial. Foi realizada a análise individualizada de dados de 58 pacientes com tumores de pulmão, estádio I, ressecáveis, randomizados para SBRT (n=31) versus lobectomia (n=27). O seguimento médio foi de 40,2 meses no grupo SBRT e de 35,4 meses no grupo lobectomia.

No seguimento, houve um óbito no grupo SBRT, devido à progressão da doença, e seis óbitos no grupo lobectomia, sendo duas por progressão de doença, uma por segunda neoplasia primária em pulmão, uma por complicação pós-operatória, e duas por comorbidades clínicas.

Houve diferença estatisticamente significativa em sobrevida global, favorável ao grupo que recebeu SBRT (log rank p=0,037; HR=0,14).

O autor conclui que SBRT representa uma opção a ser considerada no tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas, estádio I, lembrando que estes dados devem ser avaliados com cautela, devido ao pequeno número de pacientes e o curto seguimento.

Referência:
Chang JY, Senan S, Paul MA, et al. Stereotactic ablative radiotherapy versus lobectomy for operable stage I non-small-cell lung cancer: a pooled analysis of two randomised trials. Lancet Oncol 16:630-7, 2015.

 

Rafael Carvalho
Residente de Radioterapia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Robson Ferrigno
Chefe da Radioterapia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia.

Continue sua leitura

Mais informações e estudos no MOC Tumores Sólidos

Acessar MOC

Seja o primeiro a saber das novidades, cursos e novos manuais que serão lançados.

Cadastre-se abaixo para ter acesso:

Seu e-mail
Sua área de atuação

Sobre quais áreas você tem interesse de receber conteúdos?