Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Próstata

Potencial biomarcador de resistência as drogas utilizadas no câncer de próstata

A isoforma do receptor de androgênio codificado pela variante de splicing 7 não possui o domínio de ligação, que é o alvo de enzalutamida e da abiraterona, mas mantém-se ativo constitutivamente como um fator de transcrição. Levantou-se a hipótese de que a detecção do RNA mensageiro do receptor de andrógeno-variante 7 (RA-V7) em células tumorais circulantes de homens com câncer de próstata avançado estaria associada com a resistência à enzalutamida e a abiraterona.

Em recente estudo publicado no New England Journal of Medicine foi utilizado um ensaio quantitativo de reação de polimerase em cadeia para avaliar RA-V7 em células tumorais circulantes de pacientes registrados prospectivamente com câncer de próstata metastático resistente à castração que estavam iniciando tratamento com enzalutamida ou abiraterona. Foram examinadas associações entre o estado de RA-V7 (positivo versus negativo) e as taxas de resposta por PSA (Antígeno Prostático Especifico), a sobrevida livre de progressão por PSA, sobrevida livre de progressão clínica ou radiográfica e a sobrevida global.

Os resultados encontrados foram:

  • Um total de 31 pacientes tratados com enzalutamida e 31 pacientes tratados com abiraterona foi inscrito, dos quais 39% e 19%, respectivamente, tinham RA-V7 detectável em células tumorais circulantes.
  • Entre os homens que receberam enzalutamida, os pacientes RA-V7-positivos tiveram menores taxas de resposta por PSA que os pacientes RA-V7-negativos (0% versus 53%, p=0,004) e menor sobrevida livre de progressão por PSA (mediana de 1,4 meses versus 6,0 meses; p<0,001), sobrevida livre de progressão clínica ou radiológica (mediana de 2,1 meses versus 6,1 meses; p<0,001) e sobrevida global (mediana de 5,5 meses versus não alcançados; p=0,002).
  • Da mesma forma, entre os homens que receberam abiraterona, os pacientes RA-V7-positivos tiveram menores taxas de resposta por PSA que os pacientes negativos RA-V7 (0% versus 68%, p=0,004) e menor sobrevida livre de progressão por PSA (mediana de 1,3 meses versus não alcançada, p<0,001), sobrevida livre de progressão clínica ou radiográfica (mediana de 2,3 meses versus não chegou, p<0,001) e sobrevida global (média de 10,6 meses versus não alcançada, p=0,006).
  • A associação entre a detecção RA-V7 e resistência à terapêutica foi mantida após o ajuste para a expressão completa do RNA mensageiro do receptor de andrógeno.

Os autores concluíram que a detecção de RA-V7 em células tumorais circulantes de pacientes com câncer de próstata resistente à castração, pode estar associada com a resistência à enzalutamida e abiraterona. Estes resultados requerem validação prospectiva em grande escala.

Referência:
Antonarakis ES, Lu C, Wang H, et al. AR-V7 and Resistance to Enzalutamide and Abiraterone in Prostate Cancer. N Engl J Med 2014 Epub ahead of print, Sep 3.

Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Marcus Paulo Amarante
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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